Ataque do Estado Islâmico faz dezenas de mortos na Síria

por Graça Andrade Ramos - RTP
A cratera deixada pela explosão de um camião carregado de explosivos na cidade curda de Qamishili, no norte da Síria junto à fronteira turca Rodi Said - Reuters

Dois atentados à bomba na cidade síria de Qamishli, perto da fronteira com a Turquia, fizeram mais de uma centena de mortos confirmados, num balanço de vítimas ainda provisório. Há ainda mais de 170 feridos afirmam as autoridades locais.

De acordo com a televisão estatal síria, um camião carregado de explosivos rebentou na zona ocidental da cidade de maioria curda. Minutos depois, um motociclo carregado de explosivos foi detonado na mesma área.A televisão síria mostrou imagens dos locais da explosão e de estragos em larga escala nos prédios, muitos destroços e colunas de fumo sobre as ruínas.

O grupo Estado Islâmico reivindicou os atentados, afirmando pretender atingir as forças curdas. Nas redes sociais o grupo extremista publicou um comunicado afirmando que o ataque foi uma resposta aos raids aéreos da coligação anti-jihadista na vila de Minjeb (norte) bastião do EI.

A ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos, baseada em Londres, afirmou que o ataque visou um centro da polícia local curda e um edifício governamental. Colocou o número inical de mortos em menos de duas dezenas e referiu "dúzias" de feridos.

Uma das explosões foi tão grande que estilhaçou as vitrinas de lojas na cidade turca de Nusaybin, do outro lado da fronteira. Duas pessoas ficaram ligeiramente feridas na cidade, afirmaram testemunhas.

Este não foi o primeiro atentado do EI contra os curdos que o combatem, através das milícias YPG e dos seus aliados, nas províncias de Aleppo e de Hasaka, e que conquistaram já vastas áreas aos islamitas, sobretudo em Hasaka.
"Este foi um grande ataque"

Em abril um ataque suicida matou pelo menos seis membros das forças internacionais de segurança curdas, conhecidas como Asayish. Em julho, 16 pessoas morreram num ataque suicida em Hasaka, capital da província do mesmo nome.

As Forças Democráticas Sírias, que aliam combatentes curdos, cristãos e muçulmanos, transformou-se no principal grupo de luta contra o EI no norte da Síria.

O atentado coincide com combates intensos em Aleppo, a maior cidade da Síria, onde mais de 50 pessoas morreram nos últimos dias.

"Este foi um grande ataque", afirmou à Al Jazeera um reporter da Gaziantep na Turquia, muito perto da cidade síria. Mohammen Jamjoom afirmou que o balanço de mortos deverá subir significativamente durante o dia.

A guerra na Síria dura há mais de cinco anos. No próximo mês recomeçam as conversações sobre o futuro político do país.

Em cinco anos de conflito morreram mais de 280 mil pessoas, cerca de 4,8 milhões de sírios tornaram-se refugiados e mais de 6,5 milhões estão deslocados dentro de fronteiras.
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