Ataque racista em sinagoga de Moscovo desencadeia tempestade política
Um sangrento ataque anti-semita perpetrado hoje por um alegado "cabeça rapada", que feriu oito pessoas numa sinagoga em Moscovo, desencadeou uma tempestade política na Rússia.
Um jovem moscovita armado com uma navalha entrou durante a tarde numa das sinagogas no centro de Moscovo e feriu oito pessoas, entre as quais três estrangeiros que assistiam ao serviço religioso, informou a Polícia da capital russa.
"O homem irrompeu na sinagoga, situada na rua Bosheya Brónnaya, e começou a anavalhar a torto e a direito. A maioria dos ferimentos foram causados por golpes nas costas", disse um porta-voz oficial à agência Interfax.
Depois de ser dominado, detido e interrogado numa esquadra, o atacante foi identificado como Alexandr Koptsev, de 20 anos de idade e residente em Moscovo.
O Procurador-geral de Moscovo, Anatoli Zuyev, disse que foi instaurado um processo por "ataque premeditado com graves consequências para a saúde de duas ou mais pessoas cometido por motivos de hostilidade de carácter étnico ou religioso".
Testemunhas que presenciaram a tragédia disseram aos órgãos de comunicação social que o atacante, "de traços eslavos e com a cabeça rapada", irrompeu na sinagoga gritando "Heil Hitler" e "Vou matá-los".
O rabino Itzak Kogan, que conseguiu neutralizar o atacante com a ajuda do seu filho e do serviço de segurança da sinagoga, relatou que o delinquente, ao ser inquirido sobre os seus motivos, respondeu:
"Vim para matar".
A Polícia indicou que entre os feridos há cinco russos e três cidadãos estrangeiros, um israelita, um norte-americano e um tajique.
Um porta-voz do Interior disse que Koptsev não tem antecedentes criminais.
A tragédia motivou numerosos comentários sobre a onda de ataques xenófobos por toda a Rússia, onde hoje mesmo dois estudantes sudaneses foram esfaqueados em Voronezh, a cidade que disputa a Moscovo e São Petersburgo a liderança nacional em crimes racistas.
A embaixada de Israel transmitiu ao Kremlin a "preocupação" do seu Governo e exigiu que se "tomem medidas firmes de segurança para defender os judeus na Rússia dos ataques anti-semitas".
O grande rabino da Rússia, Berl Lazar, anunciou a interrupção da sua visita a Israel devido ao incidente e exigiu às autoridades russas que investiguem a fundo o que classificou de "escandaloso ataque".
Numerosos políticos, partidos e activistas de direitos humanos, assim como a igreja ortodoxa russa e a Direcção Espiritual dos Muçulmanos da Rússia manifestaram a sua indignação pelo ataque na sinagoga de Moscovo, o que levou o procurador-geral do país, Dmitri Ustinov, a encarregar-se pessoalmente da investigação.
Enquanto isto, a vice-presidente da Duma russa, Liubov Sliska, aproveitou a tragédia, que não duvidou em condenar, para exigir que a Rússia rompa o seu compromisso perante o Conselho da Europa e restabeleça a pena capital.