"Ataques coordenados" em França. Macron convoca Conselho de Defesa

por RTP

Depois do ataque de Nice, que vitimou mortalmente três pessoas, registaram-se esta quinta-feira mais ataques ou tentativas de ataque em território francês, nomeadamente em Avignon, Porte de la Chapelle, Paris, e Lyon. O Ministério do Interior fala de ações coordenadas e o primeiro-ministro francês, Jean Castex, elevou o nível de alerta terrorista em todo o país.

Vários atentados, aparentemente coordenados, ocorreram esta quinta-feira em França.  Três pessoas morreram em Nice esfaqueadas junto à catedral da cidade. O atacante ficou ferido e foi detido.
Noutras cidades, como a capital Paris, Avignon e Lyon, houve também tentativas de ataque que foram travadas pela polícia. As autoridades francesas não têm dúvidas: trata-se de um conjunto de ataques terroristas.

Poucas horas depois do ataque de Nice, um homem tentou atacar agentes da polícia em Avignon e foi prontamente abatido.

O segundo ataque, em Avignon, onde se realiza um dos maiores festivais de teatro, terá ocorrido no centro da cidade quando um homem armado com uma faca tentou atacar os polícias que estavam no local. Sem sucesso na concretização do ataque, o indivíduo acabou por ser abatido.

A correspondente da RTP em França, Rosário Salgueiro, refere que as autoridades estão a tentar perceber se há ligação entre os ataques e se há mais pessoas envolvidas e a preparar-se para novos ataques noutras regiões do país.

Entretanto, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, elevou o nível de alerta terrorista em todo o país. A segurança de edifícios, transportes e locais públicos vai ser elevada para o nível "emergência atentado".

Castex, que anunciou a medida na Assembleia Nacional, qualificou o ataque de "ignóbil, bárbaro e abjeto" e prometeu uma resposta "firme, implacável e imediata".

O Presidente Emmanuel Macron convocou mesmo para a manhã de sexta-feira um Conselho de Defesa e Segurança.

O Governo francês está a encarar os acontecimentos da manhã em Nice, Avignon, Paris e Lyon como "ataques coordenados".

À RTP as autoridades confirmaram que houve mais do que uma tentativa de ataque esta quinta-feira, em França. A correspondente contou que nos subúrbios de Paris foi apanhado um jovem, perto de uma igreja, que se preparava também para atacar.

Também em Lyon foi detido um homem que se preparava para atacar.

Para as forças de segurança não há dúvida de que se tratam de ataques terroristas. Uma fonte do Ministério do Interior afirmou que a Al Qaeda voltou a apelar, ainda na manhã desta quinta-feira, para que houvesse ataques em território francês para acabar como o que denominam de "insulto a Maomé".
Governo português expressa "solidariedade"
O primeiro-ministro português manifestou-se, ainda durante a manhã, solidário com a França, depois do ataque no centro de Nice, considerando que este ato reforça a determinação numa Europa unida contra o ódio.

"Estamos solidários com a França. O terrível ataque na Catedral de Nice reforça a nossa determinação em manter a Europa unida contra o ódio, na defesa da liberdade e da tolerância", escreveu António Costa na sua conta pessoal na rede social Twitter.


Posteriormente, em comunicado, o Governo português reafirmou "a sua solidariedade para com o Governo de França".

"Foi com profunda consternação que o Governo português tomou conhecimento do ataque perpetrado hoje de manhã por um indivíduo armado na cidade francesa de Nice, que provocou várias vítimas mortais", lê-se na nota enviada à comunicação social, onde o Executivo, "no quadro da amizade fraterna que une os dois Povos, expressa as suas mais sentidas condolências às famílias das vítimas e reafirma a sua solidariedade para com o Governo de França".

"O Governo português reitera a sua condenação veemente de todas as formas de violência e reitera o seu compromisso com o combate ao extremismo, ao racismo, ao ódio e à intolerância em geral"
.

A procuradoria antiterrorista francesa anunciou a abertura de uma investigação por "assassínio" após o ataque, em que pelo menos uma das vítimas mortais foi degolada e várias outras pessoas ficaram feridas.
Homem fere guarda da embaixada francesa na Arábia Saudita
Também esta quinta-feira, na Arábia Saudita, um guarda da embaixada francesa foi ferido.

As forças de segurança sauditas detiveram um cidadão que atacou um guarda do consulado francês na cidade de Jiddah, na Arábia Saudita, com um objeto pontiagudo, deixando-o com ferimentos ligeiros, informou a agência oficial saudita SPA.

A polícia da região de Meca "deteve um cidadão que atacou um guarda do consulado francês com um objeto pontiagudo, [tendo este ficado] ligeiramente ferido", noticia a SPA sem mais pormenores.

"O agressor foi imediatamente preso pelas forças de segurança sauditas após o ataque e o segurança levado para o hospital"
, informou a embaixada francesa, em comunicado, garantindo que a vida do guarda não está em perigo.

"Apelamos aos nossos compatriotas na Arábia Saudita para estarem em alerta máximo", aconselhou, no entanto, a embaixada.

Não é ainda claro se os ataques em França e em Jiddah, esta quinta-feira, estão relacionados com a polémica da morte do professor, Samuel Paty, que mostrou as caricaturas e que gerou protestos em todo o mundo muçulmano.

Na Arábia Saudita, que abriga alguns dos locais mais sagrados do Islão, o caso provocou muitas críticas a França, mas muito mais discretas do que em outros países. O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita garantiu que o reino "rejeita qualquer tentativa de vincular o Islão ao terrorismo", enquanto as autoridades religiosas condenaram as caricaturas, mas pediram ao profeta para fornecer "misericórdia, justiça e tolerância".
Vaticano condena ataque em Nice
O Vaticano veio entretanto condenar o ataque à faca que provocou as mortes de três pessoas numa igreja católica de Nice, no sudeste de França, dizendo que "o terrorismo e a violência nunca serão aceites".

"É um momento de dor num período de confusão. O terrorismo e a violência nunca podem ser aceites", refere um comunicado do porta-voz do Vaticano Matteo Bruni.

A nota acrescenta que o Papa Francisco "ora pelas vítimas e seus familiares", "para que a violência cesse, para que possamos mais uma vez ser considerados como irmãos e não como inimigos, para que o querido povo francês possa reagir unido contra o mal, com o bem".

Também a Turquia condenou "veementemente" o ataque "selvagem" à facada que causou pelo menos três mortos em Nice, no sudeste de França, pondo de lado as tensões entre Ancara e Paris para exprimir a sua "solidariedade".

"Condenamos veementemente o ataque que foi cometido hoje no interior da igreja de Notre-Dame de Nice (…) e apresentamos as nossas condolências aos familiares das vítimas", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco num comunicado.

"É claro que os que cometeram um ataque tão selvagem num local de culto sagrado não podem inspirar-se em qualquer valor religioso, humano ou moral", adiantou, exprimindo a sua "solidariedade com o povo francês face ao terrorismo e à violência".

Recorde-se que o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, atacou com violência Emmanuel Macron nos últimos dias, acusando-o de dirigir uma "campanha de ódio" contra o islão e questionando o estado da sua "saúde mental".
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