Atentados em Bombaim perpetrados com mistura rara de explosivos

Os atentados em Bombaim foram perpetrados com uma "mistura rara" de explosivos, indicou a polícia indiana, que recusou acusar um grupo em particular, quase uma semana depois dos ataques na capital financeira da Índia.

Agência LUSA /

A análise de estilhaços de bombas permitiu determinar que foram fabricadas a partir de uma "mistura rara" de explosivos de forte potência: RDX, fuelóleo e nitrato de amoníaco, disse o chefe da brigada antiterrorista de Bombaim, R.P. Raghuvanshi.

O responsável recusou identificar, em particular, um grupo capaz de ter fabricado engenhos que ao explodir causaram 182 mortos e centenas de feridos, de acordo com o último balanço oficial.

Raghuvanshi indicou que os autores dos atentados, perpetrados em comboios e estações de Bombaim e arredores na passada terça-feira, eram sem dúvida militantes indianos e elementos "provenientes do outro lado da fronteira", expressão indiana que designa o Paquistão.

Até ao momento, a polícia não efectuou qualquer detenção directamente relacionada com os atentados. No domingo indicou ter identificado "dois suspeitos" e hoje Raghuvanshi considerou que o inquérito se encontrava numa "etapa crucial".

"Os investigadores avançam lentamente, não quero precipitar- me", explicou à imprensa. "Não quero (atribuir) isto a uma organização, por enquanto", acrescentou.

Muito rapidamente, a polícia indiana afirmou que os atentados, quase simultâneos e "muito bem preparados", pareciam trazer a marca do Lashkar-e-Toiba, um grupo islamita extremista com base no Paquistão e activo no Estado indiano de Caxemira.

Raghuvanshi referiu que a polícia não tinha conseguido encontrar um homem, identificado como Rahil, suspeito de estar implicado nos atentados que em Outubro causaram mais de 60 mortos em Nova Deli e que foram atribuídos ao Lashkar pelas autoridades indianas.

A polícia indicou estar a investigar outros grupos. Por seu lado, o Lashkar negou qualquer envolvimento nos atentados de Bombaim.

Na sexta-feira, o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, apontou o dedo a Islamabad. Domingo à noite exigiu um "compromisso sério" do Paquistão em como deixará de ser usado como base recuada para atentados contra a Índia.

A Índia e o Paquistão disputam Caxemira, dividido desde 1947, e Nova Deli acusa regularmente Islamabad de ajudar materialmente a acção dos rebeldes na parte indiana do território, o que o Paquistão nega.

As negociações previstas para esta semana, no âmbito do processo de paz, iniciado em Janeiro de 2004 entre os dois países, foram adiadas para data a anunciar. "Consideramos este adiamento um desenvolvimento negativo", disse o secretário do ministério dos Negócios Estrangeiros paquistanês, Riaz Mohammad Khan.

Na terça-feira, dois minutos de silêncio deverão ser observados em Bombaim, em memória das vítimas.


PUB