Atirador detido após massacre em bar gay nos Estados Unidos

por Carla Quirino - RTP
Facebook da jornalista norte-americana Dianne Derby

Um tiroteio numa discoteca LGBTQ em Colorado Springs, no Estado norte-americano do Colorado, fez no domingo pelo menos cinco mortos e 18 feridos. O presumível atirador, de 22 anos, foi dominado por clientes do bar e detido pela polícia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considera que o país "não deve tolerar ódio" e apelou, uma vez mais, ao fim da cultura das armas.

Está sob custódia policial o suspeito do massacre no bar gay de Colorado Springs. Foi identificado como Anderson Lee Aldrich, de 22 anos. Transportava duas armas, incluindo uma espingarda de calibre pequeno para tiro de precisão a distâncias curtas ou médias, declarou Adrian Vasquez, chefe da polícia local.

De acordo com Vasquez, pelas 0h00 de domingo (7h00 em Lisboa), o atirador entrou no bar Club Q e começou a disparar contra os clientes. "Pelo menos duas pessoas no clube enfrentaram-no e conseguiram impedir que continuasse a matar", acrescentou.

O mayor de Colorado Springs, John Suthers, descreveu a intervenção de vários frequentadores do clube como um "incrível ato de heroísmo". Às 23h57 foi chamada a polícia, que chegou em três minutos.

"Este incidente terminou às 12h02 e deve-se em grande parte à intervenção de pelo menos um ou possivelmente dois indivíduos que subjugaram o homem”, sublinhou Suthers, citado na BBC.

"Mas, por mais trágico que seja este incidente, poderia ter sido muito, muito pior, não fossem esses intervenientes heroicos", acrescentou o mesmo responsável.

O governador do Colorado e o dono do clube destacaram que "dezenas e dezenas de vidas" foram salvas, aclamando a atitude dos clientes que dominaram o alegado atirador.

A polícia ainda não divulgou informações sobre o motivo para o ataque, mas o Club Q classificou o incidente de "ataque de ódio", num comunicado.
O massacre
Decorria a festa dedicada ao Dia da Memória do Transgénero e o recinto estava repleto de pessoas a dançar.

Joshua Thurman, de 34 anos, estava no clube no momento do tiroteio. Explica à publicação Colorado Sun que "pensou que os tiros faziam parte da música”, mas quando de apercebeu do ataque correu para se abrigar no camarim do bar.

"Quando saí, havia corpos no chão, cacos de vidro, copos partidos, pessoas a chorar"
, descreveu. "Não havia nada a impedir aquele homem de nos vir matar. Porquê que isso tinha de acontecer? Porquê? Porque é que as pessoas tinham de perder as suas vidas?".

O barman Michael Anderson afirma, por sua vez, ter ouvido três estrondos e visto o "contorno de uma arma" nas mãos do suspeito.

"No que não consigo parar de pensar são as imagens da noite. Dos corpos, do sangue, dos vidros partidos, da carnificina nos destroços e de ver um lugar seguro transformado em zona de guerra", conta Anderson.
Norte-americanos "não podem tolerar o ódio"
Joe Biden, presidente dos EUA, reagiu ao incidente pedindo tolerância zero ao ódio. Os norte-americanos, disse, "não podem e não devem tolerar o ódio".

"Lugares que deveriam ser espaços seguros de aceitação e celebração nunca deveriam ser transformados em lugares de terror e violência. No entanto, isto acontece com muita frequência", disse Biden, citado em comunicado da Casa Branca.

O presidente norte-americano volta a apelar para que se "faça mais" no sentido da regulação do porte de armas nos Estados Unidos.

O tiroteio em massa mais mortal da história do país associado a crimes homofóbicos aconteceu em 2016, quando 49 pessoas foram mortas no clube Pulse, em Orlando, na Florida.
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