Austrália do Sul em confinamento repentino para evitar regresso em força do vírus

por Joana Raposo Santos - RTP
Esta semana, a maioria dos Estados australianos encerrou as suas fronteiras a habitantes da Austrália do Sul. Sandra Sanders - Reuters

A Austrália do Sul entrou num confinamento de seis dias para tentar travar a subida do número de infeções por Covid-19 a que tem assistido, causada por um surto descoberto na passada semana. Depois de milhares de casos de infeção, a Austrália conseguiu aproximar a zero os seus números e receia, agora, o regresso em força da doença.

Após seis meses sem qualquer registo de infeções comunitárias na Austrália do Sul, nos últimos dias foram detetados 36 casos de contágio. Os primeiros surgiram no domingo na cidade de Adelaide, a capital desse Estado australiano.

As autoridades de saúde consideram necessárias medidas que interrompam a cadeia de transmissão para que o vírus seja travado “no seu início”.

O confinamento na Austrália do Sul começou às 00h00 desta quarta-feira (hora local) e chega poucas semanas depois de o Estado vizinho de Vitória ter atravessado uma segunda onda da pandemia que fez oito centenas de vítimas mortais.

Após a “pausa de seis dias”, haverá mais oito dias de restrições menos rígidas, segundo as autoridades locais, citadas pela BBC. Esta semana, a maioria dos Estados australianos encerrou as suas fronteiras aos habitantes da Austrália do Sul.

Esta não é a primeira vez que a Austrália responde de forma agressiva a um surto relativamente pequeno. Desde o início da pandemia, foram já vários os Estados desse país da Oceânia que decidiram suspender a economia ou aplicar restrições nas fronteiras para travar o SARS-CoV-2.

Quase imediatamente depois de ter sido anunciado o confinamento na Austrália do Sul, começaram a surgir em redes sociais imagens de habitantes a fazerem filas nos supermercados.

As autoridades desse Estado já alertaram que não são necessários açambarcamentos, uma vez que os supermercados e farmácias permanecerão abertos durante o período de quarentena.


O governador da Austrália do Sul apelou, entretanto, aos habitantes que “estejam à altura do desafio novamente” perante este segundo e repentino confinamento. “Precisamos que se interrompa o circuito de transmissão para que possamos ultrapassar isto”, declarou Stephen Marshall.

“Precisamos de espaço para rastrear contactos e proteger os idosos, os vulneráveis e toda a nossa comunidade”, acrescentou.

Já o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, justificou esta quarta-feira o súbito confinamento com “as lições retiradas de surtos anteriores”.
Um quinto dos casos foi importado
Esta quarta-feira, o Estado em questão anunciou dois novos casos de Covid-19 entre 9500 testes realizados. As autoridades de saúde consideram este número “pequeno, mas crítico”.

À semelhança do surto que ocorreu no Estado vizinho de Vitória, também o surto na Austrália do Sul teve início num espaço de quarentena dentro de um hotel. A origem levou a que as medidas de segurança neste tipo de espaços, reservados a pessoas suspeitas de portarem o vírus, sejam reavaliadas.

Segundo as autoridades, uma empregada de limpeza desse hotel ficou infetada e espalhou o SARS-CoV-2 a membros da comunidade local.

A Austrália encerrou todas as suas fronteiras a viajantes internacionais logo desde março, mas permitiu aos seus cidadãos e residentes permanentes que regressassem a casa, desde que cumprissem uma quarentena de 14 dias num hotel.

Cerca de um quinto dos casos foi precisamente diagnosticado em viajantes que regressaram ao país.

A Austrália, que até ao momento registou 28 mil casos de Covid-19 e 907 mortes pela doença, viu nas últimas semanas os números aproximarem-se de zero, depois de o Estado de Vitória ter conseguido combater com o sucesso o vírus.

Esse combate exigiu, porém, um confinamento de quatro meses na capital do Estado, Melbourne, onde os habitantes não tinham a liberdade de sair de casa a não ser para fins essenciais e eram obrigados a cumprir um horário de recolhimento obrigatório.
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