Autoridade Palestiniana afirma que "terroristas" mortos por Israel na Cisjordânia eram adolescentes

A Autoridade Palestiniana anunciou hoje a morte perto de Hebron, no sul da Cisjordânia, de dois adolescentes por disparos de forças israelitas, após estas anunciarem ter "eliminado dois terroristas". 

Lusa /

O Ministério da Saúde palestiniano anunciou em comunicado "o martírio de Bilal Bahaa Ali Baaran (15 anos) e Mohammad Mahmoud Abou Ayache (15 anos), mortos por balas da ocupação (Israel), na tarde desta quinta-feira, perto de Beit Omar, a norte de Hebron". 

O exército israelita tinha indicado anteriormente que os soldados que operavam na zona de Karmei Tzur, um colonato judaico perto da aldeia palestiniana de Beit Omar, a poucos quilómetros a norte de Hebron, tinham "eliminado dois terroristas que estavam prestes a realizar um ataque".  

O exército israelita não deu mais detalhes sobre o incidente, que ocorre no meio de uma onda de violência na Cisjordânia, que em outubro atingiu o seu nível mais alto em quase duas décadas, segundo a ONU. 

Também na quinta-feira, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana acusou os colonos israelitas de incendiarem a mesquita Hajja Hamida, em Deir ez-Fé, no norte da Cisjordânia. 

Um fotógrafo da AFP presente no local viu paredes enegrecidas, exemplares do Corão queimados e grafitis numa das paredes da mesquita. 

"Isto viola flagrantemente a santidade dos locais de culto e reflete o racismo profundamente enraizado dos colonos que agem sob a proteção do governo ocupante", afirmou o ministério em comunicado. 

Em contacto com a AFP, o exército israelita declarou que as forças de segurança foram enviadas para o local após receberem "informações e imagens [...] referentes a suspeitos que incendiaram uma mesquita e fazerem grafitis". 

Os soldados não identificaram qualquer suspeito no local, acrescentou o exército, condenando "todas as formas de violência". 

A agência de notícias palestiniana Wafa disse que os colonos despejaram esta madrugada materiais inflamáveis na entrada da mesquita, localizada entre as cidades de Deir Istiya e Kafr Haris, na província de Nablus. 

A rápida intervenção dos moradores impediu que o fogo alastrasse por todo o edifício, onde os colonos também pintaram `slogans` com mensagens racistas contra árabes e muçulmanos. 

O secretário-geral da ONU condenou hoje o ataque à mesquita Hajja Hamida e "todos os ataques perpetrados por colonos israelitas contra palestinianos e propriedades suas na Cisjordânia ocupada". 

"Esses atos de violência e profanação de locais religiosos são inaceitáveis. Os locais religiosos devem ser respeitados e protegidos em todos os momentos", disse António Guterres, de acordo com um comunicado divulgado pelo porta-voz, Stephane Dujarric. 

"Esses incidentes fazem parte de um padrão crescente de violência extremista que está a exacerbar as tensões e precisa de parar imediatamente", acrescentou. 

Guterres também observou que Israel, "como potência ocupante", deve "proteger a população civil palestiniana e garantir que os responsáveis pelos ataques sejam levados à justiça". 

Israel ocupa a Cisjordânia desde 1967. 

O ataque a esta mesquita soma-se a uma série de ofensivas de grande escala que marcaram o último mês na Cisjordânia, coincidindo com a época da colheita da azeitona, um período que historicamente tem sido um foco de instabilidade. 

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