Autoridades dão por terminado o motim numa prisão da Argentina
O motim que eclodiu quinta-feira numa prisão de Córboba, no centro da Argentina, e de que resultaram oito mortos, terminou hoje com a rendição de todos os amotinados, anunciou o chefe da polícia provincial, Jorge Rodriguez.
"A prisão está sob controlo, ninguém resiste, 100 por cento dos detidos renderam-se", declarou à imprensa Rodriguez, acrescentando que todos os reféns tinham sido libertados.
O mesmo responsável indicou que as forças da ordem vão a partir de agora realizar uma "revista minuciosa" ao estabelecimento" para garantir, nomeadamente, que não há feridos, ou até mesmo mortos.
As autoridades aceitaram anular o endurecimento recente do regime de visitas, que esteve na origem do motim, precisou.
As negociações começaram hoje de madrugada depois de a situação ter acalmado um pouco após as trocas de tiros e o apedrejamento das forças da ordem.
Os amotinados libertaram 13 dos 75 reféns: cinco guardas, cinco mulheres e três menores.
Entre os reféns figuravam 25 funcionários e 50 familiares dos detidos, entre os quais crianças, porque a revolta por melhores condições de detenção rebentara cerca das 16:00 (19:00 de Lisboa) durante as horas de visita.
No total, cinco detidos, dois guardas e um polícia morreram nestes incidentes.
Hoje, cerca de um milhar de guardas prisionais e polícias foram destacados para junto da penitenciária, situada num bairro popular da capital provincial, enquanto prosseguiam as negociações.
O governador de Córdoba, José de la Sota, rejeitara qualquer amnistia, afirmando "não querer conceder a liberdade a condenados que retomariam as suas actividades criminais e de delinquência".
"Face às exigências de um grupo de delinquentes e de criminosos condenados a prisão perpétua, que para acabar com o seu movimento ilegal pretendem obter decretos de amnistia ou de redução de penas, o governo de Córdoba certifica que não tomará qualquer dessas medidas", anunciara o governador num comunicado.
No auge da revolta, familiares dos reclusos concentraram-se nas imediações da penitenciária, alguns exortando-os a matar os reféns, enquanto outros pediam desesperadamente que o não fizessem.
Um dos reféns foi ferido com várias balas de borracha que o deixaram coberto de sangue. Em frente das câmaras de televisão foi várias vezes esfaqueado. Dos telhados, reclusos lançavam pedras contra as forças da ordem.
Os amotinados chegaram a ameaçar estrangular o director da prisão, Emílio Corso, um dos 25 elementos do quadro de pessoal prisional, que foi feito refém.
Cerca das 19:30, um grupo de 16 reclusos armados tentou fugir num camião, obrigando uma guarda a conduzir, o que originou um tiroteio com a polícia.
O veículo acabou a corrida contra uma árvore nas ruas circundantes e dois detidos e um polícia foram mortos, indicou o chefe da polícia de Córdoba, acrescentando que 14 reclusos tinham sido capturados.
O estabelecimento de Córdoba, situado no bairro popular San Martin da capital provincial, tem capacidade para 700 reclusos, um total amplamente ultrapassado: há nele cerca de 2.000, muitos das quais cumprem penas de longa duração e são considerados muito perigosos.