Autoridades do Rio de Janeiro constroem muros para conter expansão de favelas
Rio de Janeiro, Brasil, 31 Mar (Lusa) -- A comunidade do Morro Dona Marta é a primeira do Rio de Janeiro a receber um muro, numa estratégia das autoridades de construir cinturões de betão para conter a expansão de favelas na cidade.
Apontada como a primeira favela do Rio onde a polícia conseguiu acabar com o tráfico de droga, a também conhecida como comunidade Santa Marta, onde residem cerca de 17 mil pessoas, já teve construídos 55 dos mais de 600 metros de muro para delimitar a área ocupada pelas moradias e impedir a devastação da mata atlântica que cerca o espaço.
As obras iniciadas em Janeiro custam cerca de um milhão de reais (320 mil de euros), financiadas pelo Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (Fecam).
A Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (Emop), responsável pelo concurso e construção do paredão, defende a necessidade de erguer um ecolimite para delimitar a comunidade.
Na próxima semana, a partir do dia 7, uma nova licitação será promovida e, desta vez, para a construção de quase três quilómetros de um muro de betão na Rocinha, considerada a maior favela da América Latina.
O orçamento previsto para esta obra ronda os 20 milhões de reais (6,5 milhões de euros) para rodear a localidade, onde se estima que vivam aproximadamente 150 mil habitantes.
Embora seja considerada bairro, desde o início da década de 1990, a comunidade sofre com problemas de saneamento básico, insuficiência de escolas públicas e alto índice de tuberculose, seis vezes maior que a média brasileira.
Ao ser considerada localidade de risco, a Rocinha foi ocupada pelas Forças Armadas no período das eleições municipais em Outubro do ano passado como forma de evitar redutos eleitorais.
Além da Rocinha, até final de Maio, o Governo do Estado já anunciou que serão licitadas obras em outras nove favelas, todas elas localizadas na Zona Sul da cidade, que concentra bairros de classe média e alta do Rio.
As próximas favelas alvos dos muros serão o Parque da Cidade e Vidigal, próximas da Rocinha; Morro da Babilônia e Chapéu Mangueira, em Copacabana; Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, em Ipanema e que estão a receber recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo federal; e a Ladeira dos Tabajaras, que desde a última semana é ocupada por polícias para impedir invasões e confrontos entre facções rivais do tráfico de droga.
No total, estima-se que deverão ser erguidos 11 quilómetros de betão para rodear estas comunidades. O gasto total deverá ser de 40 milhões de reais (13 milhões de euros).
Em 10 anos, as favelas cariocas registaram uma expansão de sete por cento, segundo um estudo do Instituto de Urbanismo Pereira Passos, que mostra que, de 1999 a 2008, houve um aumento de três milhões de metros quadrados ocupados por favelas.
Em pelo menos seis anos, mais de 200 novas favelas foram criadas. Hoje esão quase mil e ocupam uma área equivalente a quase quatro por cento do território da cidade.