Autoridades moçambicanas apreenderam 950 quilos de drogas no primeiro semestre
Um total de 950 quilogramas (kg) de drogas foram apreendidas e 294 pessoas detidas no primeiro semestre de 2025 em Moçambique, indica um relatório divulgado hoje, que aponta para o envolvimento de funcionários públicos em pontos de entrada.
"Foram apreendidos cerca de 950 kg de drogas, sobretudo canábis, heroína e metanfetamina. Moçambique continua a ser usado como rota de trânsito internacional", lê-se no relatório do Gabinete Central de Prevenção e Combate a Droga (GCPCD), que acrescenta haver, no mesmo período, "294 detidos e 250 processos registados, mas sem dados sobre condenações".
De acordo com o documento, as substâncias foram, maioritariamente, ocultadas em veículos e embarcações, num processo em que se notam "atos de corrupção, com envolvimento de funcionários públicos em pontos de entrada" das drogas.
No primeiro semestre deste ano as autoridades moçambicanas apreenderam 452,9 kg de canábis, 109 gramas de cocaína, 79,5 quilos de heroína, 416,8 kg de metanfetamina, 4,2 kg de haxixe e 11,66 kg de anfetamina.
"As drogas apreendidas neste período de 2025 correspondem a um valor estimado de 49.193.351 meticais [659 mil euros]", refere-se no documento, que no entanto não apresenta dados comparativos com o mesmo período de seis meses de 2024.
O GCPCD refere ainda que as fronteiras com Tanzânia, Maláui e Zimbabué, bem como os portos da Beira, Nacala e Maputo estão entre as rotas do tráfico de estupefacientes, substâncias psicotrópicas, precursores e preparados usados pelos traficantes. Da lista constam também os aeroportos internacionais de Maputo e Nampula, além de Moçambique servir ainda de rota de tráfico para a África do Sul e Europa.
Acrescenta que durante o primeiro semestre de 2025 foram destruídas por incineração 454,1 kg de várias drogas, incluindo 285 kg de canábis, 33,8 kg de heroína, 127,5 kg de metanfetamina e 2,3 kg de haxixe, entre outros.
O Gabinete Central de Prevenção e Combate à Droga indica que do total de 250 processos registados nos primeiros seis meses de 2025, 136 foram concluídos e remetidos ao Ministério Público, dos quais "121 com arguidos presos e 15 normais", havendo ainda 114 em instrução.
Do total de 294 detidos até junho por envolvimento em casos de tráfico e consumo de drogas, a maioria estão na província de Manica, com 56 presos, seguido da província de Maputo, 48, e em terceiro Maputo, com 40 detidos.
Segundo o relatório, os números reduziram-se, comparados a igual período de 2024, quando foram detidas 475 pessoas e registados 308 processos.
Moçambique é apontado por várias organizações internacionais como um corredor de trânsito para o tráfico internacional de estupefacientes com destino à Europa e Estados Unidos, sobretudo de heroína oriunda da Ásia, mas as apreensões de cocaína oriunda da América do Sul têm também aumentado.
Quase quatro toneladas de droga, avaliadas em 22,5 milhões de euros, foram apreendidas em Moçambique em 2024, um crescimento face a 2023, segundo o relatório do GCPCD divulgado em maio.
A cocaína lidera a lista das drogas mais traficadas, com a apreensão de 1.992 quilogramas em 2024, quando em 2023 tinham sido apreendidos 78,57 quilogramas daquela substância.
Dados da Procuradoria-Geral da República de Moçambique referem que foram instaurados 1.251 processos-crime relativos a tráfico de droga em 2023, contra 1.035 em 2022, alertando para um aumento do comércio e consumo de estupefacientes no país.