Bailarino português Rodrigo Pinto consolida carreira como solista em Londres

O bailarino português Rodrigo Pinto estreou-se este mês em Londres como solista na Companhia de Bailado Inglesa, após um início "lento" no Porto e experiências na Alemanha e nos Estados Unidos. 

Lusa /

A chegada ao English National Ballet (ENB) marca um salto para uma posição de maior destaque, tendo-se estreado no espetáculo "R:Evolution" no teatro Sadler`s Wells, que encerra este sábado após duas semanas em cena.

Pinto participa em três das quatro peças deste programa misto, nomeadamente "Theme and Variations", de George Balanchine, "Herman Schmerman", de William Forsythe, "Four Last Songs", de David Dawson. 

A outra peça é "Errand into the Maze", de Martha Graham. 

O português Martinho Santos, artista da ENB desde o ano passado, também faz parte deste programa.

"Tem sido atribulado, mas tem sido divertido," afirmou Rodrigo Pinto, de 27 anos, à agência Lusa, mostrando um fascínio particular pelas obras que testam as suas capacidades.

Sobre a peça de Forsythe, em particular, confiou ser "um estilo e coreografia muito desafiante". 

"É difícil, é rápido, é preciso coordenação, interpretar a música, ter ritmo. É um coreógrafo que gosta de incorporar vertentes de jazz e contemporâneas e clássicas, tudo em extrema velocidade, em posições extremas. Temos de saltar, girar, tudo em dois tempos e depois fazer uma série de passos. Às vezes é frustrante, é difícil, especialmente quando as coisas ainda não estão no corpo, mas acaba por ser muito recompensador", explicou.

Entretanto, a companhia prepara-se já para as digressões de "A Bela Adormecida" e "Quebra-Nozes", pelo que a rotina é um constante malabarismo de ensaios e espetáculos.

Rodrigo Pinto começou a dançar no Porto, na escola Espaço de Dança, após experimentar diversas atividades desportivas, como natação, artes marciais, ginástica e equitação.

"Foi uma paixão que cresceu muito lentamente," explica, sublinhando que começou de forma "não muito séria, aos 12 anos". 

O talento foi rapidamente reconhecido pela professora, que o incentivou e levou a concursos internacionais. 

Em 2013 e 2014, foi finalista no Youth America Grand Prix (YAGP), uma das maiores competições mundiais para jovens praticantes de ballet clássico. 

Teve formação na Ballettschule Theater Basel, na Suíça, e na Royal Ballet School, no Reino Unido, antes de ingressar na companhia Semperoper Ballett, em Dresden, Alemanha, onde ficou sete anos. 

"Escolhi-a porque tem um repertório muito variado: clássico, neoclássico, moderno, contemporâneo", justificou, elogiando ainda a organização em termos de estrutura e de condições de trabalho.

O desejo antigo de trabalhar nos Estados Unidos levou-o a aceitar o convite para o Houston Ballet, no Texas, em 2024, mas optou por regressar à Europa no ano seguinte, aproveitando uma oportunidade na ENB.

A mudança trouxe não só um novo ambiente, mas também uma nova responsabilidade, pois passou de membro do corpo de baile para solista, "um nível de exigência diferente e um nível de pressão diferente."

Pinto diz que a resiliência mental e física é essencial, algo que aprendeu a gerir nos EUA, devido ao ritmo de trabalho intenso. 

Apesar de ter feito a carreira toda fora do país de origem, o bailarino valoriza a qualidade do ensino em Portugal.

"Os bailarinos portugueses destacam-se pela ética de trabalho e versatilidade. Conseguimos adaptar-nos a estilos diferentes e conseguimos captar várias essências de vários coreógrafos, estilos, narrativas, personagens", vincou. 

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