"Banana Show" explica contas da República à população

***Pedro Rosa Mendes, da agência Lusa, em Díli***

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Díli, 12 Jul (Lusa) - O Governo de Timor-Leste propôs esta semana à população uma campanha pública sobre as receitas do petróleo em que as contas da República terão o valor literal da expressão "é muita fruta".

Um quadro de desempenho de execução orçamental, chamado "Banana Show", vai classificar cada titular público em quatro categorias: banana, papaia, ananás e durian. O "Banana Show" permitirá ao timorense comum identificar quem, dos governantes, gasta muito bem, bem, pouco ou muito mal os dinheiros públicos.

O durian, grande fruto espinhoso e gorduroso, parecido com a jaca, de grandes sementes, identifica o melhor desempenho orçamental. É a fruta conhecida por tresandar, mas também por ser a mais cara em Timor-Leste.

No protótipo de prospecto, com base no Orçamento Transitório, do segundo semestre de 2007, todos os governantes, menos uma, incluindo o Presidente da República e o presidente do Parlamento, além do primeiro-ministro, são "durian".

Uma imagem do fruto aparece ao lado dos pequenos retratos dos titulares timorenses.

O "Banana Show" foi esta semana apresentado na Comissão D do Parlamento timorense, que tem competência sobre os recursos energéticos.

A ideia é de Alfredo Pires, o secretário de Estado dos Recursos Naturais, e faz parte de uma vasta campanha que pretende explicar ao timorense comum os complexos mecanismos do Fundo de Petróleo e dos gastos públicos.

Há quatro componentes na campanha, explicou hoje Alfredo Pires à agência Lusa, com quatro prospectos sobre outras tantas questões: "Como entra o dinheiro", "Onde guardamos", "Quanto tirámos" e "Como gastámos".

É esta última parte que vai ser explicada, visualmente, com a tabela frutícola indexada à execução orçamental.

O durian maduro, segundo literatura especializada disponível na Internet, tem um mau cheiro com vapores de "humidade, decomposição e - de algum modo - sexo".

Outra literatura mais vernácula descreve o durian aberto a meio com associações obscenas e sumarentas.

O cheiro do durian faz com que o fruto seja proibido em vários aeroportos da região, conta-se em Díli.

Em Timor-Leste, o grande fruto espinhoso e gorduroso, parecido com a jaca, de grandes sementes, "é um símbolo de classe", explicou Alfredo Pires.

O durian tem um preço muito mais elevado que o ananás, ou a papaia, e muito acima do preço quase nulo da banana, um fruto que é vendido mas não cultivado para o mercado em Timor-Leste.

O "Banana Show" permitirá ao timorense comum identificar quem, dos governantes, gasta muito bem, bem, pouco ou muito mal os dinheiros públicos.

O durian simboliza o governante que conseguiu executar o seu orçamento entre 75 a cem por cento. A banana, pelo contrário, é para quem conseguiu uma taxa de execução inferior a 25 por cento.

"Eu seria `banana` quanto ao orçamento de 2008", adiantou Alfredo Pires à Lusa.

"Pedi um milhão de dólares para bolsas de estudo e ainda não gastei porque estamos na fase de selecção", exemplificou o secretário de Estado.

À questão de saber quantas "bananas" ou quantos "durian" haveria na actual execução orçamental, Alfredo Pires respondeu com outra proposta: "Seria curioso ver em Portugal quantos são os ministros `banana` em termos de gastos".

No primeiro trimestre de 2008, o Governo gastou menos de 32,4 milhões de dólares (21 milhões de euros), menos de dez por cento do orçamento anual, e a meio de Junho tinha gasto cerca de 80 milhões de dólares (50 milhões de euros).

PRM


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