Bangladesh vai transferir mais um grupo de `rohingyas` para ilha remota

por RTP
Reuters

Cerca de mil refugiados Rohingya vão ser transferidos para uma ilha remota, sujeita a ciclones, ainda este mês, apesar dos apelos de vários grupos de direitos humanos para interromper a realocação. Já no início de dezembro um grupo de refugiados de Mianmar foi levado para a ilha de Bhasan Char, na Baía de Bengala.

Nos próximos dias, cerca mil refugados Rohingya, membros de uma minoria muçulmana que fugiu de Myanmar, que vão ser transferidos para esta ilha remota e inabitada na baía de Bengala, que veio à superfície há duas décadas e que, durante as monções, fica inundada.

"Eles serão primeiro transferidos para Chittagong e depois para Bhasan Char, dependendo da maré", disse um dos funcionários à Reuters.

Mohammed Shamsud Douza, um representante do governo de Bangladesh responsável pelos refugiados, disse que esta realocação é voluntária: "Eles não são enviados contra sua vontade".

No início do mês, o Bangladesh transferiu cerca de 1.600 rohingyas para a Bashan Char - uma ilha com uma extensão de cerca de 40 quilómetros quadrados - , apesar das muitas críticas de várias organizações humanitárias. O Governo, no entanto, garante que é uma questão de segurança.

O governo de Bangladesh diz que está a transferir apenas as pessoas que estão dispostas a ir e que esta mudança vai aliviar a superlotação nos campos de Cox's Bazar, que abrigam mais de um milhão de Rohingya. Mas refugiados e trabalhadores humanitários dizem que alguns dos Rohingya foram coagidos a ir para a ilha, que emergiu do mar há apenas 20 anos.

"Trouxeram-nos para aqui à força", afirmou à agência Reuters um dos primeiros homens que foi transferido no início de dezembro.

Este país asiático acolhe cerca de um milhão de muçulmanos rohingyas, minoria perseguida de Myanmar (antiga Birmânia) desde 2017, e que tem procurado refúgio em campos no Bangladesh, nos últimos anos, para fugir à violência. A ONU, por seu lado, considerou esta perseguição, por parte do exército birmano, como tentativa de genocídio.

A verdade é que houve várias tentativas de repatriação dos Rohingya para Myanmar que falharam depois, uma vez que os refugiados afirmam temer mais violência quando voltarem.

Agora, estão a ser coagidos a mudar-se para a ilha de Bashan Char, apesar de as autoridades do Bangladesh terem garantido que o processo seria voluntário.
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