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Guerra no Médio Oriente
Barcelona corta relações com Israel até que os "direitos básicos em Gaza sejam respeitados"
A capital da Catalunha vai suspender "as relações institucionais com o atual Governo de Israel até que seja respeitado o Direito Internacional" em Gaza. Barcelona garante que manterá o corte com Telavive até que o "Direito Internacional humanitário seja restaurado e o respeito pelos direitos básicos do povo palestiniano seja garantido".
Depois das críticas do primeiro-ministro Pedro Sánchez e da televisão pública, a RTVE, Espanha volta a dar que falar no que toca a apontar o dedo a Israel.
No fim deste mês de maio, o município de Barcelona votou favoravelmente a proposta de cortar relações institucionais com a cidade de Telavive - com quem tem um protocolo de geminação há mais de meio século, desde 1998.
O texto em votação foi mais longe. Estabeleceu também a suspensão de qualquer laço institucional com o Governo de Israel e veta contratos com empresas que colaborem com a ocupação da Palestina.
Em fevereiro de 2023, Ada Colau, antiga presidente da Câmara de Barcelona já tinha defendido que a cidade catalã não seria mais geminada com Telavive, acusando Israel de "apartheid" e de "flagrante e violação sistemática dos Direitos Humanos". As duas cidades tinham uma parceria desde 1998 e ao mesmo tempo também assinaram, em conjunto, um acordo de "cidade gémea" com a Cidade de Gaza.
Corte de laços
A Câmara Municipal de Barcelona, ao aprovar esta moção histórica e “não simbólica”, determina diversas normativas. Entre elas, o texto prevê que não haverá mais contratos municipais com empresas que invistam em colonatos ilegais e navios com armas para Israel não mais poderão atracar no porto da cidade.
A redação deixa ainda claro que a Feira de Barcelona não vai acolher pavilhões de Israel nem empresas de armamento.
“Não se pode defender os Direitos Humanos ao mesmo tempo que se coopera com aqueles que os pisam”, declarou a vereadora Janet Sanz.
A vice-presidente Maria Eugènia Gay acrescenta que a ofensiva israelita em gaza “é uma barbárie, um abismo moral”.
Estas declarações, citadas na página no grupo ativista Spanish Revolution da rede social Facebook, engrossam a fundamentação da defesa dos Direitos Humanos e a denuncia dos abusos a que a população de Gaza está sujeita.
Os ativistas acentuam que a “Europa se acostumou a olhar para o outro lado, mas Barcelona não”.
“E não é retórica: é direito internacional”, acrescentam. E apontam que Barcelona “voltou a estar do lado certo da história, assinalando que “Gaza sangra. Mas Barcelona não vai continuar a financiar esse sangue”. "Barcelona fez o que ninguém ousa fazer, nem Madrid, nem Paris, nem Berlim. Nem mesmo Bruxelas", realçaram os ativistas perante a decisão do municipio catalão.
A Spanish Revolution vai mais longe na sua denúncia, dizendo que há empresas europeias a ganhar dinheiro com cada bomba que atinge Gaza.
A organização Hamas emitiu um comunicado elogiando a Câmara de Barcelona por cortar laços com Israel e por suspender a parceria com Telavive. Citado na publicação The Jerusalem Post, o Hamas exalta: "Pedimos às nações e cidades em todo o mundo que ativem o boicote a esta ocupação desonesta".
Desde outubro de 2023, 54 mil pessoas foram mortas pelos ataques israelitas, deixando ainda cerca de 123 mil feridos. A grande maioria da vítimas são mulheres e crianças. As bombas de Telavive arrasaram hospitais e o Governo de Netanyahu tem feito um bloqueio total de comida, água e medicamentos.