Bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau preocupado com "canibalismo" das notícias falsas

por Lusa

O bastonário da Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau, António Nhaga, disse hoje estar "bastante preocupado" com o "canibalismo" das notícias falsas, que leva as pessoas a já não acreditarem na informação verdadeira que circula.

"Estou bastante preocupado, porque na Guiné-Bissau as `fake news` intensificaram-se de tal maneira que já não se acredita na imprensa tradicional", lamentou à Lusa António Nhaga, referindo-se às falsas notícias que circulam nas redes sociais guineenses sobre a pandemia do novo coronavírus.

Qualificando o fenómeno de "canibalismo das fake news", António Nhaga disse estar verdadeiramente preocupado porque a Guiné-Bissau já é um país frágil e as pessoas "não percebem que há um risco enorme".

As autoridades no poder na Guiné-Bissau confirmaram no domingo a existência de oito casos da covid-19, entre os quais dois cidadãos estrangeiros e seis guineenses, incluindo uma criança de dois anos.

As autoridades aguardam os resultados das análises a 40 pessoas suspeitas de terem contraído a doença.

Numa conferência de imprensa, realizada na segunda-feira, o Centro de Operações de Emergência Médica da Guiné-Bissau teve de desmentir a existência de um morto por covid-19, depois de a informação ter começado a circular nas redes sociais.

A mesma coisa aconteceu ao general Umaro Sissoco Embaló, autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça.

Sissoco Embaló desmentiu na segunda-feira estar infetado pelo novo coronavirus, como tem sido referido nas redes sociais, através de uma suposta contaminação na Nigéria.

Em nota de esclarecimento enviada à Lusa, o gabinete de Sissoco Embaló informa que as "notícias postas a circular nos órgãos de comunicação social nacionais e estrangeiros" que dão conta de que estaria infetado com a covid-19 "não correspondem à verdade".

A nota faz referência em como as mesmas suspeitas são lançadas sobre Suzi Barbosa, ministra dos Negócios Estrangeiros, no Governo de Nuno Nabian, primeiro-ministro nomeado por Sissoco Embaló.

Nas redes sociais, os dois responsáveis guineenses são referidos como pessoas que possivelmente teriam sido contaminadas por um dirigente nigeriano, com o qual Umaro Sissoco Embaló e Suzi Barbosa teriam tido contacto, numa recente visita que ambos efetuaram à Nigéria.

Nas redes sociais, está a circular um documento em que constam nomes de pessoas que possivelmente estarão infetados pelo facto de terem mantido contactos físicos com aquele dirigente.

O gabinete de Embaló dá conta de que, "preocupado com a saúde e bem-estar da população" guineense, após o seu regresso da Nigéria, "resolveu, de forma voluntária, submeter-se ao teste, bem como a toda a delegação que o acompanhou, nomeadamente a ministra dos Negócios estrangeiros, Suzi Barbosa, que posteriormente se revelou negativo".

Umaro Sissoco Embaló exortou os guineenses a confirmarem a veracidade de qualquer informação antes de a partilharem nas redes sociais "como forma de evitar rumores e o pânico" na população e apelou aos guineenses a respeitarem as orientações que têm sido anunciadas pelas autoridades na luta contra a covid-19.

"A informação é de tal forma desencontrada que há mais circulação de fake news do que de informação real", salientou António Nhaga, reforçando que as pessoas já não acreditam na informação verdadeira que circula.

No continente africano, já morreram 152 pessoas e registaram-se 4.871 casos da covid-19 em 46 países.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 750 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 36 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

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