Benjamin Netanyahu condiciona paz em Gaza à libertação de reféns israelitas

por Graça Andrade Ramos - RTP
Benjamin Netanyahu na reunião do seu conselho de guerra a 31 de março Ronen Zvulun - Reuters

Quando se assinalam seis meses desde o ataque do Hamas ao sul de Israel, que fez 1.200 mortos e cerca de 250 reféns, o primeiro-ministro de Israel frisou que a paz está fora de questão enquanto aqueles que foram sequestrados não forem libertados.

Em Gaza permanecerão mais de 130 reféns, cujo destino ou sobrevivência é incerto.

À entrada para uma reunião com o seu conselho de guerra, Benjamin Netanyahu garantiu ainda que o país está a "um passo da vitória" na guerra contra o Hamas, reconhecendo que "o preço a pagar é doloroso".

Citado pela France Press, o primeiro-ministro de Israel afirmou que Israel não irá acordar com um cessar-fogo, exigido pelo Hamas, até que os reféns sejam devolvidos às suas famílias.

O líder do Governo israelita frisou que, apesar da pressão internacional crescente, Israel não vai ceder às "exigências extremas" do Hamas, que incluem a retirada completa das forças militares israelitas, um cessar-fogo duradouro e o regresso das populações deslocadas, assim como uma troca "séria" de reféns israelitas por prisioneiros palestinianos.

As palavras podem condicionar antecipadamente a nova ronda de negociações de cessar-fogo marcada para este domingo no Cairo, que incluem uma delegação do Hamas, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar e o diretor da CIA, a agência de informação e segurança internacional norte-americana.
Israel retira tropas de Khan Younis
Há algumas horas, o anúncio por parte das Forças de Defesa de Israel, IDF, de que iria retirar uma Divisão do sul de Gaza, deixando no terreno alguns milhares de soldados, permitia esperar um gesto de "boa vontade" por parte do Governo israelita antes das negociações.

Em comunicado, as IDF explicaram que a 98ª Divisão "concluiu a sua missão" em Khan Younis, após meses de combates, tendo deixado a Faixa de Gaza para "recuperar e preparar-se para futuras operações".

Em entrevista à ABC, o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, confirmou que a redução de tropas israelitas no terreno parece corresponder a um "descanso e recuperação" para algumas forças, à semelhança do que tem sido realizado desde janeiro.

Uma "força significativa liderada pela 162ª Divisão e a Brigada Nahal, irão continuar a operar da Faixa de Gaza", acrescentaram as IDF.

A televisão pública israelita revelou entretanto que as tropas que vão permanecer em Gaza estarão colocadas ao longo do Corredor de Netzarim, que divide o enclave em dois ao interceptar uma das duas principais estradas que ligam o norte e o sul de Gaza.
Ataque a Rafah em dúvida
O impacto da retirada no ataque a Rafah, o último reduto do Hamas em Gaza, é incerto. Israel mantém que a operação é essencial para eliminar em definitivo o grupo islamista extremista que administra Gaza há duas décadas.

Residentes na área de Khan Younis confirmaram visiualmente a retirada das forças de israel, a caminho dos distritos a leste mais próximos da fronteira com Israel.

A ofensiva de Israel, lançada após o ataque e massacre por parte do Hamas, tem-se focado no sul do enclave nas últimas semanas. 

O ataque a Rafah, onde se refugiaram mais de um milhão de pessoas, tem contudo marcado passo, com os Estados Unidos, os maiores aliados de Israel, a exigirem condições de segurança e de proteção dos civis.

De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, as operações militares já fizeram mais de 33.000 mortos, incluindo mulheres e crianças. Israel afirma que muitas destas vítimas serão na verdade militantes extremistas abatidos em combates.

As IDF revelaram este domingo que eliminaram até agora mais de 12.000 combatentes do Hamas, incluindo diversas altas patentes.
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