Bielorrússia. Candidata da oposição refugiou-se na Lituânia

por RTP
Vasily Fedosenko/Reuters

A líder da oposição bielorrussa refugiou-se na Lituânia, depois de mais uma noite de protestos no país. Svetlana Tikhanouskaya, que contesta a reeleição de Alexandre Loukachenko, juntou-se aos filhos e está em "segurança".

Pelo segundo dia consecutivo, milhares de pessoas voltaram às ruas bielorrussas, na segunda-feira à noite, para protestar contra os resultados das presidenciais de domingo, que deram um sexto mandato ao autoritário chefe de Estado. Numa altura em que os protestos da oposição se intensificam na Bielorrússia, a candidata da oposição, Svetlana Tikhanouskaya, acabou por deixar o país rumo à Lituânia para se refugiar e juntar aos filhos, depois da derrota eleitoral.

O ministro lituano dos Negócios Estrangeiros confirmou esta terça-feira, através do Twitter, que Tikhanouskaya já chegou à Lituânia e está "segura".



Entretanto, a líder da oposição confirmou ter tomado a "decisão difícil" de abandonar a Bielorrússia, numa altura em que ocorre uma repressão aos movimentos de protesto.

"Tomei a decisão sozinha [...] e sei que muitos me condenam, muitos me compreendem, muitos me odeiam", afirmou Tikhanovskaia.

"Penso que esta campanha [presidencial] me endureceu e deu-me a força toda para a conseguir suportar. Mas continuo a ser uma mulher frágil tal como no início [da campanha]", prosseguiu Tikhanovskaia, que surge com uma cara cansada num vídeo publicado pelo órgão de comunicação social `online` bielorrusso Tut.by

"As crianças, os filhos, são o que há de mais importante na vida", acrescentou a candidata da oposição unificada que, por questões de segurança, enviou os dois filhos para o estrangeiro, temendo pressões do poder.

Debutante na política, Tikhanovskaia surgiu na corrida presidencial após o marido, Serguei, um "videoblogger" ser detido em maio.

O paradeiro de Tikhanouskaya era uma questão que preocupava a sua equipa de campanha, depois de a líder da oposição ter ficado incontactável após sair de uma reunião com a Comissão Eleitoral Central.

Na segunda-feira, Svetlana Tikhanovskaia rejeitou os resultados oficiais das presidenciais e pediu ao Presidente, considerado o vencedor, que cedesse os comandos do país.

"Não reconhecemos os resultados. Nós vimos os protocolos de votação", disse na segunda-feira.

A líder da oposição incentivou ainda os bielorrussos que "acreditam que o seu voto foi roubado" a "não ficarem calados".

Após ter pedido aos bielorrussos no domingo à noite para "terminarem com a violência", Tikhanovskaia pediu às autoridades para não utilizarem a força contra os cidadãos. Os porta-vozes da candidata presidencial descartaram a sua participação nos protestos, com o objetivo de evitar "provocações".
Segundo dia de protestos com mais detenções

Desde que saíram os primeiros resultados das eleições presidenciais de domingo que milares de pessoas se tem manifestado em diversas cidades bielorrussas.

Dezenas de pessoas foram detidas, na segunda-feira à noite, pelo segundo dia consecutivo de manifestações devido à reeleição polémica do Presidente daquele país, Alexander Lukashenko, que a oposição acusa ser uma fraude.

As forças policiais, que isolaram a praça da Independência, numa zona central de Minsk, procedeu à detenção quer de manifestantes que estavam a pé, quer de alguns que se deslocavam de bicicleta, segundo alguns meios de comunicação locais.

Segundo imagens divulgadas nas redes sociais, as forças de intervenção utilizaram cassetetes para controlar os manifestantes, acabando por deixar alguns feridos.

A imprensa local disse ainda que no centro da capital ocorreram também confrontos entre os manifestantes e a polícia, numa zona onde diversos comércios e centros comerciais fecharam portas.

A polícia utilizou balas de borracha, granadas de atordoamento e gás lacrimogéneo para dispersar a multidão, e os órgãos de comunicação locais registaram a presença de atiradores furtivos nos telhados de alguns edifícios.

Entre os detidos nos protestos estão vários jornalistas, quer locais quer estrangeiros, como foi o caso de um repórter do canal russo RT.

A polícia local confirmou, entretanto, que um manifestante foi morto por um engenho explosivo que pretendia lançar sobre as forças de segurança durante protestos contra a reeleição no domingo do Presidente Alexandre Lukachenko.

"Um dos contestatários tentou lançar um engenho explosivo contra as forças de segurança, mas o dispositivo explodiu nas suas mãos", matando-o, precisou a polícia bielorrussa num comunicado.

Os protestos começaram em Minsk, a capital, mas também aconteceram em outras cidades da Bielorrússia, como Brest e Grodno, onde cerca de 20 jovens foram detidos e levados para as esquadras em veículos policiais.
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