Bielorrússia. Protesto contra resultado eleitoral fez um morto e dezenas de feridos

por RTP
Marina Serebryakova - EPA

As eleições presidenciais de domingo ficaram marcadas por várias manifestações em diferentes cidades em protesto contra a vitória anunciada de Alexander Lukashenko, para um sexto mandato presidencial consecutivo. Durante as manifestações em Minsk, um homem morreu e dezenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos com a polícia.

A vitória da eleições deste domingo foi para o Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, que conseguiu 80,23 por cento dos votos. Já a sua opositora Svetlana Tikhanovskaia obteve 9,9 por cento dos votos, de acordo com os primeiros resultados oficiais da Comissão Eleitoral bielorrussa.

A reação dos eleitores não se fez esperar e as ruas da capital, Minsk, patrulhadas ao longo do dia, começaram a encher-se de manifestantes em protesto contra os alegados resultados. No início da noite, a multidão que se juntava já era considerável.

Logo após o fecho das urnas, a capital encheu-se de polícias de choque e os dois maiores sites noticiosos independentes foram bloqueados.

"A polícia tem o controlo da situação em relação às ações de massas não autorizadas", indicou a agência na rede Telegram, ao citar o Ministério do Interior.

De acordo com diversos órgãos de comunicação locais, registaram-se vários feridos entre os manifestantes, com a difusão de imagens de pessoas com as caras ensanguentadas. O grande controlo das autoridades sobre os meios de comunicação impede o testemunho de observadores independentes, sendo por isso, as redes sociais o grande veículo do que aconteceu na capital da Bieolorrússia.



A polícia recorreu a granadas sonoras e balas de borracha para dispersar os manifestantes no centro de Minsk, onde milhares de manifestantes se reuniram durante a noite em diversos locais.

Os manifestantes aplaudiram, gritaram “vitória”, agitaram bandeiras e usaram as buzinas dos carros em solidariedade à oposição que ficou com os resultados muito aqém do pretendido. Alguns construíram ainda barricadas com caixotes do lixo.

Segundo a imprensa local, terão ainda ocorrido intervenções policiais durante concentrações da oposição em diversas cidades do país.

Entretanto, surgiu a informação sobre uma vítima mortal, sendo a fonte a organização não-governamental de defesa de direitos humanos Viasna da Bieolorrússia.

"Um jovem foi vítima de um traumatismo craniano depois de ter sido atingido por um veículo" das forças da ordem durante as manifestações no centro da cidade
, disse a ONG através de um comunicado.

A Viasna acrescenta que há dezenas de pessoas feridas e que se encontram neste momento em hospitais de Minsk e ainda que foram detidas cerca de 120 pessoas.

No entanto, o Ministério do Interior veio já negar a existência de vítimas mortais.
União Europeia deplora violência contra manifestantes
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, deplorou esta segunda-feira a violência contra os manifestantes que contestam os resultados das eleições presidenciais na Bielorrússia, sublinhando que a liberdade de expressão deve ser defendida.

"Violência contra manifestantes não é a resposta #Bielorrússia. A liberdade de expressão, a liberdade de reunião e os direitos humanos básicos devem ser defendidos", escreveu o presidente do Conselho Europeu, numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede social Twitter.


Entretanto, a Polónia apelou a uma cimeira extraordinária da União Europeia sobre a situação na Bielorrússia.

"As autoridades utilizaram a força contra os seus cidadãos que reclamam uma mudança no país. Devemos apoiar o povo bielorrusso na sua busca pela liberdade", declarou, num comunicado, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki.

Os resultados estão a ser contestados pela oposição, que denunciou atos de violência e de fraudes no processo eleitoral. Contudo, Lukashenko negou no domingo qualquer imposição de medidas repressivas, alegano tratar-se de "notícias falsas ou acusações rebuscadas".

De facto, desde a chegada de Lukashenko ao poder, em 1994, nenhum corrente da oposição conseguiu afirmar-se na paisagem política bielorrussa. Muitos dos dirigentes foram detidos, à semelhança do que sucedeu neste escrutínio, e em 2019 nenhum opositor foi eleito para o parlamento.
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