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#BlackoutTuesday. O dia do protesto nas redes sociais contra o racismo

por Graça Andrade Ramos - RTP
#BlackoutTuesday. #TheShowMustBePaused. Lucas Meitta - Twitter

Pensado como um protesto dos media e do showbizz americano, o apagão alastrou nas últimas horas nas redes sociais, sobretudo no Instagram e no Twitter. Usuários têm publicado quadrados negros, muitas vezes simples, por vezes com desenhos de corações ou de mãos unidas ou de um punho fechado, ele igualmente símbolo do black power desde os tempos de Jesse Owens. Um pouco por todo o lado, pessoas e empresas pararam de publicar.

É um não ao racismo, uma manifestação de apoio ao movimento #blm - Black Lives Matter - e de repúdio pela morte de George Floyd, mais um negro vítima de brutalidade policial às mãos de um polícia branco, em Minneapolis, Estados Unidos.


#BlackoutTuesday. #TheShowMustBePausedO espetáculo não tem de continuar. Pelo contrário, é tempo de parar. E de refletir, apelam milhares de pessoas e de entidades, de simples cidadãos a artistas, a empresas ou a organizações desportistas.

Foo Fighters, Katy Perry e Britney Spears, Rihanna, Jamie Foxx, Drake, Nile Rodgers e Quincy Jones, nos Estados Unidos, Radiohead, Tim Burgess e Mumford & Sons, no Reino Unido, são apenas alguns dos nomes que aderiram ao movimento. O festival de Glastonbury, e estrelas de futebol, como Gary Lineker, também.

Empresas ligadas à industria de entretenimento, mas não só, explicam, em poucas palavras, que, por hoje, não irão fazer mais publicações nem comentários.
Sony Music, Atlantic Records, Capitol Music Group, Warner Records e Def Jam, disseram todas que, por hoje, o espetáculo tem de ficar suspenso, em memória de mais uma, e de todas as outras, vítimas de racismo.
Estações de rádio e outros meios de comunicação prometeram igualmente ficar em silêncio nos media sociais, esta terça-feira.
Por uma nota falsa de 20 dólares
George Floyd, um afro-americano, morreu dia 25 de maio, sufocado sob custódia policial. Imagens captadas com um telemóvel tornaram-se virais, e mostram-no prostrado, com o joelho de um polícia, branco, pressionado contra o seu pescoço.

Floyd tenta falar. "Não consigo respirar", avisa, perante a aparente indiferença do agente de segurança e de outros três polícias que impedem qualquer socorro.Alegadamente, George Floyd foi detido por ter usado uma nota falsa de 20 dólares.

A indignação pela brutalidade contra mais um negro, alastrou pelos Estados Unidos, marcada pela violência, por pilhagens e por vandalismo. Provocou protestos de rua também na União Europeia, numa denúncia global do racismo.

O mundo do desporto tem também prestado a sua homenagem a Floyd, e muitos atletas aproveitam para denunciar as atitudes racistas que ainda perduram em várias modalidades.
Bom-senso da FIFA
Durante o fim de semana, vários jogadores da Bundesliga alemã homenagearam Floyd durante um jogo numa denúncia do racismo.

Jadon Sancho e Achraf Hakimi, do Borussia Dortmund, mostraram as camisolas interiores onde se lia "Justiça para George Floyd". Sancho levou um cartão amarelo, não pela mensagem, mas por ter despido a t-shirt do equipamento ainda em campo.A Associação do Futebol Alemão anunciou que está a investigar os incidentes.

A FIFA apelou aos organizadores de campeonatos para exercerem bom-senso ao ajuizar as homenagens dos diversos jogadores.

Uma posição que se demarca de ocasiões anteriores mais firmes, em defesa das regras que proíbem os atletas de exibirem "mensagens de índole política, religiosa ou pessoal, declarações ou imagens" nos seus equipamentos durante os jogos, incluindo as camisolas interiores.

Já segunda e terça-feira, os jogadores do Liverpool e do Newcastle United colocaram um joelho no chão durante os hinos, à semelhança do quarterback da NFL, Colin Kaepernick, que popularizou o gesto como forma de protesto contra o racismo.
"Quero ouvir-vos"
No mundo do críquete surgiram igualmente mensagens de apoio a Floyd nas redes sociais, com Darren Sammy, antigo capitão da equipa West Indies, a apelar numa série de tweets aos responsáveis pela modalidade para agirem contra a injustiça social.
"Agora não é altura de ficar em silêncio. Quero ouvir-vos", escreveu Sammy.

O seu antigo colega de equipa, Chris Gayle, juntou-se ao movimento de repúdio. "Vidas de negros importam tal como qualquer outra vida!" escreveu nas redes sociais.

Gayle revelou ainda que, enquanto negro, ele próprio sofreu abusos durante a sua longa carreira. "Até nas equipas, como um homem Negro fico com a pior parte", afirmou. "Não vêem o que acontece a pessoas como eu? Não vão dizer nada contra a injustiça social contra os que são como eu..." Darren Sammy

Lewis Hamilton, piloto de Fórmula 1, criticou o silêncio sobre a morte de Floyd daqueles que participam num "desporto dominado por brancos".

Charles Leclerc, piloto da Ferrari, ouviu-o e pôs a mão na consciência. Afirmou no Twitter que se sentiu "deslocado e desconfortável" em partilhar nas redes sociais o que pensava do assunto, para reconhecer depois que estava "completamente errado".
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