Bolívia recebe apoio dos EUA e 8 países vizinhos para "estabilizar" economia

O presidente eleito da Bolívia, o democrata-cristão Rodrigo Paz Pereira, foi esta terça-feira felicitado por oito países vizinhos e pelos Estados Unidos, que se disponibilizaram para apoiar os esforços do novo governo para "estabilizar" a economia.

Lusa /

Numa declaração conjunta a propósito das eleições de 19 de outubro na Bolívia, os oito países vizinhos - Argentina, Costa Rica, Equador, El Salvador, Panamá, Paraguai, República Dominicana, Trinidad e Tobago - e os Estados Unidos afirmam que a vitória de Paz "reflete a vontade do povo de abraçar a mudança e traçar um novo rumo para a sua nação e a região, marcando um afastamento da má gestão económica das últimas duas décadas".

Na declaração, divulgada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros do Paraguai na rede social X, os noves países felicitam Paz pela sua vitória eleitoral e reconhecem "o firme compromisso com a democracia", demonstrado pelo povo boliviano com a ativa participação neste processo eleitoral.

"Os países signatários estão preparados para apoiar os esforços da administração que entra agora para estabilizar a economia da Bolívia e abri-la ao mundo, fortalecer as suas instituições democráticas, impulsionar o comércio e o investimento internacional e aprofundar o seu compromisso com parceiros regionais e globais numa vasta gama de temas importantes", acrescenta o documento.

Candidato pelo Partido Democrata Cristão (PDC), Paz Pereira, que assumirá o poder no próximo dia 08 de novembro, receberá um país com uma inflação acumulada até setembro passado de 18,33%, muito acima dos 7,5% projetados para todo o ano de 2025, e uma dívida externa de 13.741,7 milhões de dólares.

A economia boliviana, que recuou 2,40% no primeiro semestre de 2025, a primeira contração económica em 49 anos, sofre de uma persistente falta de dólares e problemas recorrentes de abastecimento de combustíveis.

Enquanto o presidente cessante, Luis Arce, projetou para este ano um crescimento económico de 3,51%, organismos como o Banco Mundial (BM) preveem uma quebra de 0,50%.

Os países signatários dizem estar "comprometidos em trabalhar de forma estreita" com Paz Pereira e o seu governo "para avançar nos objetivos partilhados de segurança regional e global, prosperidade económica e crescimento" que beneficie todas as suas nações.

Da mesma forma, disseram acolher "com agrado a renovada e proativa participação da Bolívia na procura de soluções para os desafios regionais e globais".

O futuro mandatário tinha antecipado, durante a sua campanha, que enfrentará a crise económica do país com um modelo baseado nas exportações e no apoio de "países amigos" para superar a escassez de combustíveis.

Depois de conhecer os resultados preliminares, Paz Pereira agradeceu aos líderes que o felicitaram e disse que "a Bolívia está a recuperar gradualmente espaço internacional", depois de ter perdido esse espaço "geopolítico e geoeconómico" nas últimas duas décadas. 

O ainda senador, nascido na região espanhola da Galiza, também agradeceu ao rival da segunda volta, o ex-presidente Jorge Tuto Quiroga (2001-2002) e ao candidato deste a vice, Juan Pablo Velasco. 

Paz Pereira venceu a segunda volta com 54,61% dos votos, contra 45,39% obtidos por Quiroga, de acordo com o Sistema de Transmissão de Resultados Preliminares (Sirepre) do órgão eleitoral, com 97,86% das mesas de voto apuradas.

O órgão eleitoral indicou que estes resultados preliminares mostram "uma tendência" que "parece ser irreversível" e espera concluir a contagem oficial entre quarta e quinta-feira. 

A segunda volta das eleições decorreu num contexto de crise económica que se reflete na persistente falta de dólares, na escassez de combustível e no aumento dos preços dos produtos básicos.

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