Bolsa Família ajuda a diminuir miséria no Brasil
Mãe solteira de quatro filhos, Aulenir Pereira trabalha a dias para sustentar a casa, mas tudo seria ainda mais difícil sem o subsídio Bolsa Família, com que obtém mensalmente 95 reais.
O subsídio, equivalente a 34,6 euros, pode parecer pouco, mas para esta mulher brasileira significa ter fruta e legumes para oferecer aos filhos diariamente.
"Agora eu posso comprar fruta e verduras todos os dias e também carne, uma vez por semana. Antes a gente só comia arroz, feijão, macarrão e farinha", disse à Agência Lusa a empregada doméstica que mora em Brazlândia, nos arredores de Brasília.
Aulenir é mãe de três meninos - de 12, oito e três anos - e de uma menina de um ano.
Com tantos filhos para criar, a família a viver longe, em Minas Gerais, e sem a ajuda dos dois homens que são pais das crianças, Aulenir viu-se muitas vezes em situações desesperadas, sem dinheiro sequer para pagar o aluguer da casa em que vive com os filhos.
"O Bolsa Família ajuda muito quem é pobre. Agora dá para comprar até uns brinquedinhos para as crianças", disse.
Actualmente, 11,1 milhões de famílias no Brasil com rendimento até 120 reais (43,6 euros) mensais por pessoa recebem o Bolsa Família, instituído em 2004, na primeira presidência de Lula da Silva, a partir da unificação e ampliação de diversos programas sociais da administração anterior do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A expansão do Bolsa Família é uma das causas da queda no nível de pobreza no Brasil.
De acordo com o último relatório do Banco Mundial, a América Latina provavelmente estará, em 2015, próxima de cumprir a primeira Meta de Desenvolvimento do Milénio, estabelecida pela ONU, de reduzir a pobreza pela metade em 25 anos.
Em 1990, 10,20 por cento da população da região, 47 milhões dos 1.000 milhões de pessoas que vivem em extrema pobreza no mundo, sobreviviam com manos de um dólar por dia.
Em 2004, este número caiu para 8,6 por cento e, em 2015, deve chegar a seis por cento.
A Meta do Milénio para a América Latina e Caraíbas é 5,1 por cento.
Segundo o documento do Banco Mundial, a redução da miséria na América Latina e Caraíbas é, no entanto desigual, estando a pobreza "cada vez mais concentrada nos Estados frágeis, nos quais há governação, políticas e capacidade especialmente fracas".
No Haiti, considerado pelo relatório como o país mais pobre da América Latina, 53,9 por cento das pessoas vivem com menos de um dólar por dia.
Os indicadores também são elevados em países como Nicarágua (45,1 por cento), Bolívia (23,2 por cento) e El Salvador (19 por cento), enquanto o Brasil figura na outra ponta, com 7,5 por cento, ao lado da Argentina (6,6 por cento) e Uruguai (com menos de dois por cento na extrema pobreza).
O governo de Lula da Silva garante que a principal Meta do Milénio, que é acabar com a fome e a miséria, está a ser cumprida pelo Brasil e será alcançada antes mesmo de 2015.
O governo brasileiro está a investir no Bolsa Família cerca de 20 mil milhões de reais (7,2 mil milhões de euros) por ano, dinheiro que é usado maioritariamente pelas famílias para comprar alimentos.
Apesar de apontado como responsável pela redução de 10 por cento na desigualdade de rendimentos no Brasil, o programa Bolsa Família tem sido alvo de muitas críticas, tanto de sectores da direita como da esquerda.
Muitos especialistas classificam o programa como assistencialista e criticam-no por não incluir mecanismos de estímulo à promoção social das famílias beneficiadas, mantendo-as na dependência da ajuda governamental.