Bolsonaro criticado por receber efusivamente deputada da AfD e neta de ministro nazi

por RTP
Joedson Alves, EPA

O presidente brasileiro Jair Bolsonaro recebeu na segunda feira a deputada da extrema-direita alemã Beatrix von Storch. Agora está a ser duramente criticado pela comunidade judaica do Brasil e pela imprensa judaica dos Estados Unidos a Israel e da esquerda à direita.

Beatrix von Storch é vice-presidente da bancada parlamentar da AfD (Alternativa para a Alemanha) e neta de Lutz Graf Schwerin von Krosigk, que na governação hitleriana sobraçava a pasta das Finanças. Ao ser recebida pelo presidente brasileiro, von Storch publicou no Instagram (www.instagram.com) um texto regozijando-se com o efusivo acolhimento que lhe foi dispensado e, ao mesmo tempo, enaltecendo a "clara compreensão" de Bolsonaro sobre os problemas da Europa e os desafios do nosso tempo.

A Confederação Israelita do Brasil reagiu, pela voz do seu presidente Claudio Lottenberg, lembrando, que "a AfD é um partido extremista e xenófobo, cujos dirigentes desvalorizam as atrocidades nazis e o Holocausto. Nós defendemos e procuramos representar a tolerância, a diversidade e pluralidade que definem a nossa comunidade".

Também o Jerusalem Postdiário mais conhecido da direita israelita, bateu na mesma tecla, lembrando que a AfD "apoiou o assalto de 6 de janeiro ao Capitólio dos EUA e demonizou radicalmente os imigrantes muçulmanos na Alemanha. No final de 2017, o Twitter suspendeu temporariamente von Storch depois de ela se ter referido a um grupo de imigrantes como 'hordas bárbaras, muçulmanas, violadoras'".

O mesmo Jerusalem Post, depois de recordar a amizade entre Bolsonaro e o ex-primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, prossegue, implacável, que "em 2019, Bolsonaro chamou esquerdistas aos nazis, mas depois desculpou-se pelo comentário. No ano passado, o seu ministro da Cultura foi demitido por ter usado excertos de um discurso do ministro da Propaganda nazi Joseph Goebbels, e este ano um alto conselheiro [de Bolsonaro] foi criticado por fazer durante uma sessão do parlamento um gesto simbolizando o supremacismo branco".

Também a Liga Anti-Difamação (ADL) e a delegação brasileira da organização pró-israelita StandWithUs condenaram a recepção dispensda a von Storck. A ADL declarou  no Twitter que "nem Bolsonaro nem qualquer outro representante eleito deveriam dar as boas vindas a um político da AfD. A AfD alemã de extrema-direita aceita a banalização e negacionismo do Holocausto e usa uma retórica xenófoba".



pub