Bolsonaro, Macron... e a Amazónia a arder

por Alexandre Brito - RTP
Bolsonaro ao telemóvel. A polémica com o presidente Macron tem estado bem viva nas redes sociais Adriano Machado - Reuters

Os olhares mundiais concentram-se por estes dias naquele que é considerado o pulmão do planeta. Enormes zonas da floresta da Amazónia estão a arder de forma descontrolada. O que tem levado a grandes manifestações de apoio e preocupação. Uma das mais recentes levou a que o Presidente brasileiro acusasse o homólogo francês de ter uma "mentalidade colonialista".

A reação do Presidente brasileiro surge depois de Emmanuel Macron ter sugerido numa mensagem no Twitter que a situação na Amazónia representa uma crise mundial e que o líderes do G7, que vão estar reunidos em Biarritz, no sul de França, discutam esta emergência.

A frase surge com uma imagem de um incêndio na Amazónia. Acontece que essa imagem não é relativa aos fogos que atingem a região nesta altura do ano, mas sim de incêndios que são de 2018, como é possível verificar nesta publicação.


As palavras de Macron foram recebidas com um coro de críticas pelos brasileiros, a começar pelo Presidente Bolsonaro, que acusou Macron de ter uma "mentalidade colonialista" e de querer alcançar "ganhos políticos pessoais".

"Lamento que o Presidente Macron procure instrumentalizar uma questão interna do Brasil e de outros países amazónicos para ganhos políticos pessoais. O tom sensacionalista com que se refere à Amazónia - apelando até com fotos falsas - não contribui em nada para a solução do problema", escreveu Bolsonaro na rede social Twitter.

"O Governo brasileiro segue aberto ao diálogo, com base em dados objetivos e no respeito mútuo. A sugestão do Presidente francês, de que assuntos amazónicos sejam discutidos no G7 sem a participação dos países da região, evoca mentalidade colonialista descabida no século XXI", disse ainda o chefe de Estado do país sul-americano.


Na cimeira dos países mais industrializado do mundo, o G7, participam os líderes da Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Já no ano passado, no G20 que se realizou em Osaka, no Japão, os dois chefes de Estado tinham debatido assuntos climáticos. Macron afirmou nessa altura que não assinaria acordos comerciais se o Brasil deixasse o Acordo de Paris para o clima.
Polémica com Macron cresce nas redes sociais
A troca de palavras entre Macron e Bolsonaro levou a que o filho do Presidente brasileiro, Eduardo Bolsonaro, também ele fosse ao Twitter para aumentar a chama da polémica.

Colocou um post com a frase "recado para o @EmmanuelMacron" com uma partilha de um vídeo do YouTube que tem como título "França em crise - Macron é um idiota!".

Enquanto isto...
O número de incêndios no Brasil aumentou 83 por cento este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

Ainda segundo o INPE, a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.

c/ Lusa
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