Bombardeamento de Beit Hanoun denunciado em todo o mundo
Dezoito palestinianos foram mortos hoje por disparos da artilharia israelita na Faixa de Gaza, provocando apelos ao recomeço dos atentados suicidas em Israel e denúncias em todo o mundo.
Obuses da artilharia israelita atingiram cinco casas de Beit Hanoun, norte da Faixa de Gaza, matando oito crianças, cinco mulheres e cinco homens, e fazendo 58 feridos, segundo um balanço do Ministério da Saúde palestiniano.
Cinco outros palestinianos, entre os quais quatro activistas, foram mortos por uma unidade especial do exército israelita na região de Jénine, na Cisjordânia, e dois outros, um dos quais membro do Hamas, em Jabaliya, perto de Beit Hanoun, elevando para 25 o número de palestinianos abatidos hoje.
Entre os mortos de Beit Hanoun figuram onze membros de uma mesma família, entre os quais duas meninas, declarou Khaled Radi, porta-voz do Ministério da Saúde.
A Autoridade Palestiniana decretou três dias de luto nos territórios palestinianos.
"Condenamos firmemente este massacre terrível e atroz cometido contra o nosso povo em Beit Hanoun, contra crianças, mulheres e idosos", declarou o Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, apelando à realização de uma "reunião urgente" do Conselho de Segurança da ONU.
Também o primeiro-ministro palestiniano, Ismail Haniyeh, do Hamas, denunciou "o massacre".
"Israel não quer paz, nem segurança, nem estabilidade, nem um parceiro palestiniano", acrescentou Abbas numa conferência de imprensa em Gaza.
Condenou, por outro lado, "o silêncio internacional e os que justificam os actos cometidos por Israel", uma alusão velada a Washington que invocou na passada semana o direito de Israel à "autodefesa" ao comentar as suas operações militares na Faixa de Gaza.
Abbas declarou ainda Beit Hanoun, onde 56 outros palestinianos foram mortos numa ofensiva israelita concluída terça-feira, uma "zona sinistrada" e anunciou uma ajuda de um milhão de dólares aos seus habitantes.
Reagindo violentamente a este drama, o Hamas, que controla o governo palestiniano, e a Fatah, partido de Abbas, apelaram a um recomeço dos atentados suicidas em Israel, que os dois grupos suspenderam desde o início de 2005.
"Imploramos aos nossos mujaidines (combatentes) a que recomecem as operações de martírio em Telavive, Jerusalém, Haifa, Jaffa e em todo o lado", declarou um porta-voz do Hamas, Nizar Rayan.
"Apelamos às Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa (braço armado da Fatah) e aos ramos armados de todos os movimentos palestinianos a que retomem as operações de martírio" em Israel, disse por seu turno um porta-voz da Fatah, Jamal Obeid.
O líder do Hamas no exílio, Khaled Mechaal, afirmou a partir de Damasco que o seu movimento responderá "com actos" ao "massacre" perpetrado por Israel.
Em Israel, o primeiro-ministro Ehud Olmert e o ministro da Defesa, Amir Peretz, "lamentaram a morte de civis palestinianos em Beit Hanoun".
Peretz ordenou um inquérito e a suspensão provisória dos disparos de artilharia contra a Faixa de Gaza.
O enviado da ONU no Médio Oriente, Álvaro de Soto, condenou os bombardeamentos israelitas, declarando-se "chocado e consternado", e a Comissão Europeia considerou-os "profundamente chocantes.
A presidência finlandesa da União Europeia apelou entretanto a Israel para que termine as suas operações militares após os bombardeamentos de hoje.