Bombardeiros furtivos dos EUA na Coreia do Sul como aviso a Pyongyang

Os Estados Unidos confirmaram que dois dos seus bombardeiros furtivos tomaram parte nos exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul e largaram bombas sobre uma ilha sul-coreana. É a primeira vez que os EUA confirmam a presença de bombardeiros B2 Spirit nas manobras anuais com a Coreia do sul, o que está a ser visto como uma advertência à Coreia do Norte que, nas últimas semanas, tem multiplicado as ameaças contra o sul e contra os americanos.

RTP /

Segundo os militares dos EUA, os bombardeiros furtivos B2 partiram de uma base aérea no Missouri e largaram bombas sobre uma área de tiro localizada numa ilha sul-coreana, tendo regressado seguidamente aos Estados Unidos .

“Esta missão levada a cabo por dois bombardeiros B-2 Spirit, destacados no esquadrão 209, demonstra a capacidade dos Estados Unidos para levarem a cabo ataques de precisão e de longa distância, de uma forma rápida e sempre que quiserem” dizem numa declaração as forças norte-americanas na Coreia.

Não se sabe estes aviões, invisíveis ao radar, já tinham sido usados em anos anteriores nas manobras na Coreia do Sul, mas foi a primeira vez que os EUA anunciaram publicamente o facto.
"Recado" a Pyongyang
A declaração segue-se a outra em que os militares americanos confirmaram a participação de bombardeiros B-52, com capacidade para transportarem armas nucleares, nas manobras que decorrem na Coreia, num aparente “recado” a Pyongyang de que Washington e Seul estão prontos a responder às ameaças do Norte.

Em resposta, a Coreia do Norte afirmou que a população do país está a “arder de ódio“ contra os Estados Unidos. A Agência Central de Notícias Norte-coreana (KCNA) fez um editorial em que descreve “o hediondo terrorismo, politicamente motivado, dos Estados Unidos e das forças fantoches da Coreia do Sul contra o digno sistema social da RDPC”.
Pyongyang diz que manobras são parte de plano de invasão
Washington e Seul dizem que as manobras anuais conjuntas, que se realizam todos os anos, são um mero exercício defensivo, mas a Coreia do Norte diz que fazem parte de um plano para montar uma invasão americana ao Norte.

“Como podemos perdoar os yankees que congeminaram um plano sinistro para difamar a dignidade suprema que consideramos mais importante do que as nossas vidas, além de conduzirem exercícios mentecaptos para uma guerra nuclear? “ Disse um oficial do Exército Popular da Coreia citado pela agência KCNA.

Segundo a KCNA, a Coreia do Norte declarou quinta-feira que tenciona “varrer do mapa” a base aérea norte-americana de Andersen, localizada na ilha de Guam no Pacífico.
EUA garantem a Seul todo o apoio militar que for necessário
Horas antes desta barragem de invectivas, o secretário da defesa dos EUA Chuck Hagel assegurou ao seu homólogo sul-coreano que Seul pode contar com toda a proteção militar que os EUA têm para oferecer, seja ela nuclear, convencional ou de defesa antimísseis.

Os militares dos dois países assinaram na semana passada um novo pacto que prevê uma resposta conjunta a qualquer provocação da Coreia do Norte, mesmo que seja de baixa intensidade.

Desde que o Conselho de Segurança da ONU aprovou um pacote de novas sanções para punir os testes de mísseis e os ensaios nucleares da Coreia do Norte que Pyongyang tem vindo a subir a parada na barragem verbal.
Analistas acreditam que ameaças são mera retórica
Entre muitas outras coisas, a Coreia do Norte ameaçou lançar um ataque nuclear “preventivo” contra os EUA e declarou nulo o acordo de armistício que terminou a guerra da Coreia em 1953.

A maioria dos analistas considera quase todas as ameaças da Coreia do Norte como mera retórica, destinada a reforçar as credenciais internas do novo líder Kim Jong-Un e obter trunfos negociais a nível externo, mas alguns observadores inquietam-se com a possibilidade de, num ambiente tão carregado, até mesmo um pequeno incidente localizado poder levar a uma rápida escalada.

Em 2010, a Coreia do Norte bombardeou uma ilha sul-coreana e foi acusada de ter afundado um vaso de guerra do sul, o Cheonan, embora Pyongyang continue a negar ter sido responsável pela destruição do navio.
Manipulação de fotografias e propaganda

Uma análise independente do arsenal norte-coreano sugere que Pyongyang pode ter, em teoria, a capacidade de atingir bases americanas no Japão e em Guam, mas ao que se sabe, o Norte nunca testou esses mísseis.

O regime é conhecido por empolar muitas vezes as suas capacidades, recorrendo ao bluff e à simples manipulação fotográfica. Hoje mesmo, as agências de noticias internacionais mandaram retirar da distribuição uma fotografia oficial da agência norte-coreana por haver suspeitas de que a mesma foi digitalmente alterada.

A referida foto mostra um desembarque anfíbio das tropas norte-coreanas nas manobras militares que Pyongyang lançou para responder aos exercícios que decorrem a sul. Os especialistas afirmam que a imagem foi digitalmente alterada no Photoshop, a fim de duplicar o número de hovercrafts de transporte de tropas que são vistos a investir para a praia.

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