Boric fecha viagem à ONU com apelo de união à candidatura de Bachelet

O chefe de Estado chileno, Gabriel Boric, pediu esta noite união à volta da candidatura da ex-presidente Michelle Bachelet a secretária-geral da ONU, depois de ter sido criticado pela oposição por anunciar o seu apoio.

Lusa /

A nomeação para secretária-geral da ONU requer o apoio diplomático e os recursos do Governo chileno, mas as eleições presidenciais de novembro vão deixar esta questão nas mãos do sucessor de Boric.

Alguns membros da extrema-direita e da direita chilena criticaram Boric por "ultrapassar os seus limites" ao comprometer a candidatura da ex-presidente porque "define o próximo governo".

"Não invento os prazos para a nomeação do secretário-geral, isso é ignorância ou má-fé. Já estão a esgotar-se, e há todo um sistema que opera independentemente da vontade dos presidentes", referiu o Presidente em resposta às críticas recebidas desde o seu país.

A candidata do partido no poder, Jeannette Jara, de esquerda e de centro-esquerda, estendeu abertamente a mão a Bachelet, mas nem a direita tradicional, liderada por Evelyn Matthei, nem a extrema-direita, liderada por José Antonio Kast, se pronunciaram sobre o assunto.

Boric, que se mostrou orgulhoso com o anúncio, explicou à imprensa que falou com Bachelet e que ambos estão "muito satisfeitos" com a receção da nomeação da ex-presidente, quer na comunidade internacional, quer na maior parte do Chile".

O Presidente conclui hoje a sua viagem a Nova Iorque, onde chegou na segunda-feira para participar na 80.ª Assembleia Geral da ONU.

Durante o evento, além de anunciar a candidatura de Michelle Bachelet a secretária-geral da ONU, pediu que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, fosse julgado pelo massacre de civis na Palestina e realçou que o genocídio em Gaza "é uma crise de humanidade".

Outro ponto alto da sua agenda foi a reunião de alto nível "Em Defesa da Democracia Combate ao Extremismo", a que presidiu.

A convite do próprio Boric e dos seus homólogos do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Colômbia, Gustavo Petro, e do Uruguai, Yamandú Orsi, e do chefe do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, participaram líderes e representantes de vários países, entre os quais o México, Senegal, Guatemala, Honduras e Noruega, bem como o Presidente do Conselho Europeu, António Costa, o secretário-geral do Conselho da Europa, Alain Berset e o secretário-geral adjunto da ONU, Guy Ryder.

"Concordaram em unir-se para enfrentar o fenómeno global da ascensão do extremismo em todas as suas formas e comprometeram-se a combater a proliferação da desinformação e da manipulação dos media", pode ler-se no comunicado de imprensa sobre as conclusões da reunião.

Os líderes internacionais, que se voltarão a reunir em Espanha em 2026, "reiteraram o seu compromisso com a construção de uma ordem internacional baseada no respeito mútuo, na paz, no respeito pela soberania, na cooperação solidária e no multilateralismo".

"Neste sentido, os líderes reafirmaram o seu compromisso com a defesa da democracia", sublinharam.

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