Borracha recolhida por "seringueiros" usada em preservativos
A fábrica de preservativos que o governo brasileiro está a construir na Amazónia usará borracha natural da goma recolhida pelos camponeses da reserva Chico Mendes, anunciou hoje a estatal Agência Brasil.
A fábrica, que será inaugurada em Junho próximo no municio amazónico de Xapuri, terá capacidade para produzir 200 milhões de preservativos por ano, de acordo com os porta-vozes da Superintendência da Zona Franca de Manaus.
Esta instituição, responsável pela maioria dos projectos de desenvolvimento industrial na Amazónia brasileira, aprovou esta semana os incentivos fiscais que serão concedidos aos proprietários da fábrica.
Como contrapartida aos incentivos, os proprietários comprometeram-se a adquirir o látex de goma, necessário para a produção, dos 420 colonos da Reserva de Extracção Chico Mendes, localizada nos municípios de Xapuri e Brasileia, no estado amazónico do Acre.
Esta reserva foi criada em homenagem ao líder sindical dos "seringueiros" (recolectores da goma com que se faz a borracha) e ecologista Fracisco "Chico" Mendes, assassinado em Xapuri por latifundiários devido à sua campanha para proteger a Amazónia da destruição, o que lhe chegou a valer distinções e prémios atribuídos pelas Nações Unidas.
Com os incentivos para a fábrica, o governo brasileiro pretende tornar viável a actividade dos camponeses que sobrevivem com a exploração da goma da borracha na região e aumentar o seu programa de distribuição gratuita de preservativos como forma de combater a Sida e outras doenças transmitidas por via sexual.
A meta das autoridades de Brasília é distribuir gratuitamente mil milhões de preservativos anualmente a partir do próximo ano.