Brasil deve respeitar os direitos humanos para aderir à OCDE

O Brasil, um dos seis países que iniciaram o processo de adesão à OCDE esta semana, tem de respeitar os direitos humanos e o meio ambiente para entrar nesta organização, defendeu hoje a Federação Internacional Direitos Humanos (FIDH).

Lusa /

"É vital abordar o processo de entrada do Brasil de uma forma diferente", disse Maddalena Neglia, da FIDH, em comunicado, aludindo ao facto de que não são apenas os critérios económicos devem ser levados em conta.

Esta semana, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) abriu oficialmente as negociações para aceitar como possíveis novos membros o Brasil, Argentina, Peru, Croácia, Bulgária e Roménia.

No comunicado, a FIDH considera a adesão do Brasil, governado pelo Presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, como particularmente preocupante.

"O atual Governo brasileiro mostrou uma bagagem má para enfrentar várias das principais crises mundiais, começando pelo clima e passando pela pandemia. Mostrou desinteresse em proteger o meio ambiente, os direitos humanos e o Estado de Direito", considerou Julia Mello Neiva, da ONG brasileira Conectas.

A ativista destacou que Bolsonaro tem sido complacente em alguns casos e tem atuado de forma alegadamente cúmplice ao permitir que a situação de indígenas e negros, entre outros grupos, se agrave.

A organização não-governamental OCDE Watch, que integra 130 entidades e é um dos principais parceiros da OCDE, alertou para a entrada de países que não cumpram os valores da organização em termos de proteção do meio ambiente e respeito pelos direitos humanos.

"A OCDE não pode abordar a entrada do Brasil como fez com outros países, concentrando-se demais na ausência de barreiras comerciais e de investimentos", reiterou Marian Ingram, da OCDE Watch.

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