Brasil: oficiais da Polícia Militar detidos pelo assassínio de Marielle Franco

por RTP
Ricardo Moraes, Reuters

Foram hoje detidas cinco pessoas por suspeita de envolvimento no assassínio da vereadora socialista do Rio de Janeiro, há cerca de dez meses. Dos cinco, três são ou foram oficiais da Polícia Militar.

O jornal O Globo começou por noticiar a detenção de dois suspeitos, conotados com a milícia "Rio das Pedras", a mais antiga e mais perigosa da capital 'carioca'. Tinham sido denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como integrantes de um grupo responsável pela extorsão de moradores e comerciantes da zona oeste do Rio de Janeiro com cobranças ilegais de taxas referentes a "serviços" prestados.

Finalmente, acabaram por ser detidos pelo menos cinco pessoas, consideradas suspeitas no processo pelo assassínio de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

Como vereadora eleita pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), Marielle Franco constituía um obstáculo ao esquema de apropriação indevida de terras por esse grupo na zona oeste do Rio de Janeiro. O vereador Marcello Siciliano tem sido alvo da suspeita de ter encomendado o crime, mas não se encontra detido. 

Outras suspeitas sobre os motivos do crime relacionavam-se com o seu papel como defensora de direitos humanos, que por várias vezes a tinha colocado em rota de colisão com a Polícia Militar.

A operação realizada hoje não visava directamente o processo de assassínio da popular vereadora. Os suspeitos do crime cometido em março de 2018 foram seguidos e capturados por outro motivo, numa megaoperação que mobilizou 140 agentes da polícia.

O jornal O Globo adiantou que os principais alvos eram o major da Polícia Militar (PM) Ronald Paulo Alves Pereira, que foi detido, o ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Adriano Magalhães da Nóbrega, que também é chefe da milícia de Rio das Pedras, e o subtenente reformado da PM Maurício Silvada Costa, conhecido como Maurição.

Também foi detido Manuel de Brito Batista, conhecido pelo apelido de "Cabelo", acusado de ser o contabilista e gerente da milícia Rio das Pedras.

Marielle Franco, vereadora e defensora dos direitos humanos, foi assassinada na noite de 14 de março de 2018, quando viajava de carro pelo centro do Rio de Janeiro, depois de participar num ato político com mulheres negras.

(C/ Lusa)
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