Brasil: PT castigado na primeira volta das eleições municipais

O Partido dos Trabalhadores (PT), dos ex-Presidentes Lula da Silva e Dilma Rousseff, foi o principal derrotado na primeira volta das eleições municipais do Brasil, que decorreram este domingo. Grande parte das capitais de estados terão segunda volta do ato eleitoral.

Lusa /
Paulo Whitaker - Reuters

Entre as 26 capitais estaduais, o partido apenas conseguiu ser eleito para governar Rio Grande, do pequeno estado do Acre. Na segunda volta, agendada para 30 de outubro, o partido irá disputar ainda a presidência da câmara municipal do Recife.

Nesta primeira volta, numa altura em que a maior parte dos resultados estão apurados, o partido conta com 251 presidências de câmara, menos de metade das que conquistou no final das duas voltas em 2012 (635), descendo do terceiro para o décimo partido mais votado.

O partido perdeu, inclusive, várias autarquias na região de São Paulo que costumava controlar, além de ter sido afastado o atual presidente de câmara de São Paulo, principal cidade do país, Fernando Haddad.

O PT, que governou o Brasil por 13 anos, foi castigado após Dilma Rousseff ter sido destituída do cargo, por irregularidades orçamentais, a 31 de agosto, num processo polémico e numa altura em que enfrentava uma grande impopularidade.

Lula da Silva, uma figura histórica do partido, é arguido em dois processos da Operação Lava Jato, que investiga o maior esquema de corrupção da história do Brasil.Temer sai beneficiado

De resto, o partido tem sido a força política mais implicada nos esquemas de corrupção que afetaram sobretudo a petrolífera Petrobras, com várias detenções, incluindo ex-ministros.

Esta derrota beneficiou outros partidos, nomeadamente alguns ligados ao Governo do Presidente Michel Temer, que assumiu funções na sequência do afastamento de Dilma Rousseff.

Concorreram nestas eleições 496.898 candidatos a vereador, presidente e vice-presidente de câmara de 35 partidos em 5.568 municípios.

Sendo que no Brasil é obrigatório votar, a abstenção foi de 17,5%, um pouco mais do que nas eleições de 2012, e também os votos brancos e nulos aumentaram em vários locais.

Outra novidade destas eleições foi a redução do tempo de campanha, com menos tempo de propaganda nas televisões e rádios, e ainda a proibição de financiamento empresarial, que afetou as campanhas.Segunda volta a 30 de outubro

Com a quase a totalidade das urnas já apuradas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) do país indicou que entre as maiores cidades do país apenas São Paulo, Salvador, Palmas, Boa Vista, Rio Branco, João Pessoa, Natal e Teresina já escolheram um novo Governo municipal que assumirá funções em 2017.

Apenas oito capitais dos 26 estados do Brasil não terão segunda volta nas eleições para presidentes de câmara após a eleição realizada em 5.568 cidades do país neste domingo.

A maior surpresa aconteceu em São Paulo, maior cidade do Brasil, com o candidato João Dória Junior, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) a ser eleito na primeira volta com 53% dos votos válidos. Derrotou o atual presidente de câmara, Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), que teve 16% dos votos válidos.

No Rio de Janeiro, onde haverá segunda volta, 27% dos votos foram para Marcelo Crivella, do Partido Republicano Brasileiro (PRB), ligado à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), e 18% para Marcelo Freixo, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) uma sigla de esquerda que está a crescer no Brasil.

Na cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, o candidato João Leite do PSDB saiu na frente da corrida eleitoral com 33% dos votos e enfrentará Alexandre Kalil do Partido Humanista da Solidariedade, que teve 26% dos votos, na segunda volta.

Também acontecerá uma segunda volta em Fortaleza, capital do Ceará, Curitiba, do Paraná, Manaus, do Amazonas, Recife, de Pernambuco, Porto Alegre, do Rio Grande do Sul, Belém, do Pará, Goiânia, de Goiás, São Luis, do Maranhão, Campo Grande, do Rio Grande do Sul, Maceió, de Alagoas, Cuiabá, do Mato Grosso, Aracaju, do Sergipe, Porto Velho, de Rondônia, Florianópolis, de Santa Catarina, Macapá, do Amapá e Vitória, do Espírito Santo. Duas centenas de candidatos detidos

Na primeira volta das eleições municipais do Brasil, que decorreu no domingo, foram registadas 236 detenções de candidatos e 1.726 de outros cidadãos, segundo dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entre as ocorrências que não terminaram em detenções, 147 foram entre candidatos e 1.705 envolveram outros cidadãos.

Em causa esteve, sobretudo, a chamada "boca de urna", prática de fazer propaganda próximo dos locais de voto.

Mas também houve casos de uso de autofalantes, divulgação de propaganda, transporte ilegal de eleitores, fornecimento ilegal de alimentos, corrupção eleitoral, entre outras ocorrências.

Segundo o boletim do TSE, foram substituídas 4.424 urnas eletrónicas - o equivalente a 1,01% do total - porque apresentaram falhas.

Tópicos
PUB