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Brasileira JBS espera reiniciar hoje operações nos países afetados por cibertaque
Nova Iorque, Estados Unidos, 02 jun 2021 (Lusa) -- A maior empresa de processamento de carnes mundial, a JBS, espera que a maioria das fábricas e matadouros na Austrália e na América do Norte regressem hoje ao normal, depois de ter sido alvo de um ciberataque.
No domingo, o grupo brasileiro descobriu vários dos servidores que suportam os sistemas informáticos na América do Norte e na Austrália foram alvo de `hackers`.
"Os nossos sistemas estão a voltar a funcionar e não estamos a poupar recursos para combater esta ameaça", disse o chefe da subsidiária norte-americana, André Nogueira, num comunicado divulgado na terça-feira à noite, no qual a empresa não indica se foi pago algum resgate.
"Dados os progressos feitos pelos nossos peritos [informáticos] e equipas das fábricas nas últimas 24 horas, a grande maioria dos nossos locais de carne de vaca, porco, aves e alimentos preparados estará operacional na quarta-feira [hoje], acrescentou.
O próprio grupo não especificou publicamente a origem do ataque informático. Mas, de acordo com uma porta-voz da Casa Branca, terá dito às autoridades norte-americanas que era alvo de um ataque cibernético de uma "organização criminosa provavelmente sediada na Rússia".
"A Casa Branca está em contacto direto com o Governo russo sobre este assunto e lembra que os Estados responsáveis não devem compactuar com autores de ataques `ransomware`", frisou Karine Jean-Pierre.
Os ataques de "ransomware" são utilizados para bloquear sistemas informáticos até que as empresas ou instituições paguem um resgate aos piratas informáticos.
Foi um ataque deste tipo que teve como alvo o operador de um enorme oleoduto norte-americano, Colonial Pipeline, no início de maio, causando grandes problemas com o fornecimento de combustível no sudeste dos Estados Unidos durante vários dias.
O Colonial Pipeline admitiu mais tarde que teve de pagar aos `hackers` 4,4 milhões de dólares (3,6 milhões de euros) para desbloquear a situação.
A JBS foi obrigada na terça-feira a suspender parte da produção nos Estados Unidos e no Canadá.
Entre outras instalações, a JBS detém nove fábricas de processamento de carne de vaca, cinco de carne de porco e 26 de carne de frango nos Estados Unidos. No Canadá, tem uma fábrica de processamento de carne de vaca.
Na página na internet, a empresa refere que a carne processada na fábrica do Canadá fornece mais de 20 países do mundo.
Dados do setor indicam que a JBS é responsável por cerca de 20% da produção de carne processada na América do Norte.
A empresa central, a brasileira JBS Foods, é uma das maiores empresas mundiais do setor alimentar, com operações em 15 países e vendas em cerca de uma centena de nações.
Na Austrália, onde o grupo tem 47 instalações e emprega cerca de 11 mil pessoas, o ataque informático provocou o cancelamento dos turnos de trabalho de milhares de funcionários pelo segundo dia consecutivo.
Cerca de 70% da produção da JBS na Austrália destina-se à exportação.