Brasileiro morto pela polícia era ilegal - BBC
Jean Charles Menezes, o brasileiro que a polícia britânica tomou por terrorista e matou por engano, poderá ter fugido aos agentes por a sua situação no país ser ilegal, avançou hoje a BBC.
De acordo com a estação pública britânica, que cita fontes da Scotland Yard, o visto de residência atribuído pelas autoridades a Menezes estava caducado há muito tempo, e só lhe reconhecia o estatuto de estudante, ou seja, nunca lhe serviria para trabalhar no país legalmente.
A confirmar-se esta informação, é possível que o brasileiro tenha desobedecido às instruções da polícia por saber que a sua situação no país era ilegal e por isso recear ser extraditado para o Brasil.
Jean Charles Menezes era natural de Gonzaga, em Minas Gerais, tinha 26 anos e residia em Londres há três anos, para onde partiu depois de uma curta passagem por Portugal.
Sexta-feira foi abatido com cinco tiros na cabeça disparados pela polícia britânica, que alegou ter confundido o jovem com um terrorista devido a três indícios: Menezes saiu de um edifício onde reside um suspeito vigiado pela polícia, usava um casaco invulgarmente grosso para o Verão e o qual poderia esconder algum explosivo, e não acatou as ordens dos agentes para parar, fugindo para uma carruagem do metro.
A família e os amigos de Menezes ainda não confirmaram a situação no país do brasileiro, mas já desvalorizaram os argumentos da polícia e ameaçaram processar os agentes, por aquilo que dizem ter sido uma acção "negligente e amadora".
Alexandre Pereira, o primo que vivia com Jean Charles em Londres, disse esta manhã à BBC que "a polícia vai ter de pagar, porque senão vai continuar a matar mais pessoas inocentes".
"Se são capazes de matar o meu primo, são capazes de matar qualquer pessoa", insistiu Alexandre Pereira, para quem a polícia "atirou à primeira pessoa que viu".
O representante da associação profissional que representa a polícia britânica, Chris Fox, saiu entretanto em defesa dos seus colegas, argumentando que "ninguém que sai para a rua com uma arma a quer utilizar".
"Todos os agentes são treinados para só usar a arma em último recurso e foi isso que acreditamos ter acontecido", acrescentou.