Breonna Taylor: detenções marcam mais uma noite de protestos nos EUA

por RTP
Kyle Grillot - Reuters

Em mais uma noite de protestos violentos no Estado de Kentucky, na quinta-feira, foram detidas mais de uma centena de pessoas. Depois de dois polícias terem sido baleados no protesto de quarta-feira, foram muitas as pessoas que saíram à rua em várias cidades dos Estados Unidos, manifestando-se contra a decisão de um painel de jurados que não indiciou os polícias envolvidos na morte da jovem negra Breonna Taylor.

Depois de um grande júri do estado norte-americano do Kentucky ter decidido, na quarta-feira, não acusar a polícia de Louisville pela morte da afro-americana Breonna Taylor, centenas de pessoas juntaram-se nas ruas em protesto. Os protestos começaram de forma pacífica e já decorriam há uns dias em Louisville, mas nessa noite a indignação dos manifestantes aumentou as tensões com as forças policiais e acabou em violência: dois polícias foram alvejados e transportados de imediato para o hospital.

Na noite de quinta-feira os protestos continuaram nas ruas de várias cidades norte-americanas, marcados por distúrbios, violência e detenções, apesar de as autoridades de Kentucky terem apelado à calma e às manifestações pacíficas. Segundo um comunicado da polícia de Louisville, algumas pessoas foram detidas depois de terem danificado lojas e outras por terem saltado em cima de veículos, durante as manifestações.

"Pelo menos 24 pessoas foram presas durante a noite por acusações, incluindo reunião ilegal, falha na dispersão e tumulto de primeiro grau", disse o Departamento de Polícia Metropolitana de Louisville, acrescentando que ainda está a registar o número de detenções da última noite e que este pode chegar às 100 pessoas.

Uma das detenções confirmadas, segundo o Guardian, foi a deputada estadual Attica Scott, uma democrata que pediu justiça pela morte de Taylor.

O Departamento de Polícia declarou que tinha começado uma reunião ilegal, na noite de quinta-feira, "devido a manifestantes que partiam janelas na 4th Street", pouco antes de o toque de recolher às 21h00 entrar em vigor.


A polícia relatou ainda que os manifestantes formaram barreiras humanas nas estradas e começaram a permitir a passagem de carroa em zonas restritas, que saltaram em cima dos carros da polícia e incendiaram caixotes de lixo. Os manifestantes que recusaram a ordem de dispersão foram também detidos por terem ignorado o recolher obrigatório - que tinha sido decretado pelo 'mayor' da cidade, Greg Fischer, prevendo distúrbios durante a madrugada - e por violarem a proibição de ajuntamentos.

Nas ruas ouviam-se ativistas a gritar o nome de Taylor e a tentar avançar pelas ruas fora enquanto a polícia bloqueava as estradas com dispositivos de choque. Os manifestantes prometeram ainda continuar a pressionar e a apelar por justiça.

Mas os protestos extenderam-se a outras cidades. Centenas de pessoas também se juntaram Nova Iorque, Filadélfia, St Louis, Baltimore e outras cidades em todo o país para marcar a segunda segunda noite de ação pacífica.

Taylor, uma profissional de saúde negra de 26 anos, foi baleada várias vezes por uma equipa de três polícias que entraram em sua casa, com um mandado de busca no âmbito de uma investigação de tráfico de droga, em 13 de março, provocando comoção e indignação popular, num ano em que os Estados Unidos foram abalados por violentas manifestações contra a violência policial.

A 15 de setembro, as autoridades da cidade de Louisville abriram um processo contra os três polícias, a pedido da mãe de Taylor, concordando em pagar-lhe 12 milhões de dólares (cerca de 10 milhões de euros) e em promulgar reformas no sistema policial local.

Manifestantes em Louisville e em várias outras cidades manifestaram-se, ao longo dos últimos meses, exigindo justiça para Taylor e para outros afro-americanos mortos às mãos da polícia, tendo recebido o apoio de algumas celebridades, incluindo a cantora Beyoncé e a apresentadora televisiva Oprah.




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