Brexit. Maioria de Governo de Johnson reduzida a um voto

por RTP
Lider dos liberais democratas, Jane Dodds, comemora a vitória na eleição de Brecon e Radnorsire Reuters - Rebecca Naden

A primeira derrota na eleição intercalar desta quinta-feira trouxe alguns entraves para o Governo de Boris Johnson. A vitória dos Liberais evidencia as dificuldades para o primeiro-ministro impor uma saída da União Europeia, com ou sem acordo.

A maioria parlamentar dos Conservadores ficou reduzida a um voto e a redução não poderia ter chegado em pior altura. Com a destituição do deputado conservador Chris Davies, o primeiro-ministro britânico vai agora ter mais dificuldades em aprovar leis e vencer as votações no Parlamento.

O primeiro desaire eleitoral de Boris Johnson enquanto líder do Reino Unido ocorreu esta quinta-feira em Brecon e Radnorshire, um círculo eleitoral do País de Gales, depois da vitória de Jane Dodds sobre o Conservador Chris Davies.

De acordo com os resultados oficiais revelados na madrugada desta quinta-feira, a candidata liberal-democrata derrotou Chris Davies com uma diferença de 1425 votos.


“As pessoas de Brecon e Radnorshire mostraram que o país não precisa de se contentar com Johnson ou Corbyn”, lê-se num tweet dos Liberais Democratas.


No referendo de há três anos, 52 por cento dos eleitores de Brecon e Radnorshire votaram a favor da saída do Reino Unido da União Europeia. Já no conjunto do País de Gales, a diferença foi apenas de um ponto percentual a mais.

A luta entre os Liberais e os Conservadores foi renhida e saldou-se numa diferença de apenas quatro pontos percentuais. Jane Dodds somou 13.826 votos (43,46 por cento), ligeiramente acima dos 12.401 (38,98 por cento) de Davies.

Para Dodds esta vitória representou “uma mensagem poderosa para Westminster”.

As pessoas deste eleitorado escolheram, mais uma vez, a esperança em vez do medo", referiu Jane Dodds.

“Quando chegar a Westminster vou encontrar o Sr. Boris Johnson, onde quer que ele esteja escondido, e dizer-lhe ’alto e bom som’: Pare de brincar com o futuro da comunidade e descarte a hipótese de um Brexit sem acordo”, acrescentou.

Depois da vitória dos Liberais Democratas, ainda decorreu uma segunda eleição para definir o futuro do deputado Chris Davies. Mais de dez mil pessoas assinaram uma petição pública para destituir o político conservador por este ter apresentado documentos de despesas parlamentares falsas.

Boris Johnson já afirmou que o Reino Unido vai sair da União Europeia a 31 de outubro, com ou sem acordo, “aconteça o que acontecer” e “doa a quem doer”.

Contudo, um novo debate está previsto para daqui a menos de três meses e a maioria que mantém Johnson no poder, na sequência de um acordo entre os Conservadores e o Partido Democrático Unionista norte-irlandês (DUP), está reduzida a um deputado.

A exclusão do deputado Charlie Elphicke por alegado assédio sexual também pode vir a tornar-se num grave problema para Johnson, caso o Governo enfrente uma moção de censura, conforme ameaçou o partido Trabalhista.

 

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