Brexit. Primeira-ministra britânica adia votação no Parlamento

por RTP
O ministro para a Educação Nadhim Zahawi avançou que Theresa May vai tentar, em Bruxelas, renegociar o chamado mecanismo de salvaguarda Olivier Hoslet - EPA

Theresa May vai adiar a votação marcada para esta terça-feira no Parlamento britânico sobre o Acordo para a Saída do Reino Unido da União Europeia, avançam os meios de comunicação britânicos. A decisão da primeira-ministra surge após a decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia de que o Reino Unido pode reverter unilateralmente o processo de saída do bloco europeu.

A primeira-ministra vai fazer uma declaração, às 15h30, na Câmara dos Comuns sobre "A Saída da União Europeia", avançou a líder da bancada parlamentar do Partido Conservador, Andrea Leadsom.

Após a divulgação da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia, de que o Reino Unido pode reverter unilateralmente o Artigo 50, e na iminência de uma derrota signficativa no Parlamento britânica, Theresa May informou por telefone os seus ministros de que teve contactos com vários líderes europeus durante o fim-de-semana, como a chanceler alemã Angela Merkel, o Presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker e o Presidente do Conselho Europeu Donald Tusk.  

O ministro para a Educação Nadhim Zahawi avançou que Theresa May vai tentar, em Bruxelas, renegociar o chamado mecanismo de salvaguarda. A solução encontrada para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda desagrada ao Partido Democrático Unionista, que apoia o Governo de Theresa May.

No entanto, a Comissão Europeia já veio reiterar o que o Presidente Jean-Claude Juncker e o negociador principal para o Brexit Michel Barnier sempre têm dito: “não vão renegociar” um acordo que está concluído.

“Temos um acordo em cima da mesa”, disse a porta-voz do Presidente da Comissão Europeia, acrescentado que Jean-Claude Juncker conversou este domingo ao telefone com Theresa May.

Bruxelas está preparada “para todos os cenários”, acrescentou Mina Andreeva.

"Medida desesperada" e "covardia patética"
O líder da oposição já veio dizer que esta é uma medida “desesperada” provocada por um acordo de saída desastroso.

“O Governo decidiu que o acordo de Theresa May para o Brexit é tão desastroso que tomou a medida desesperada de atrasar a votação no último instante”, declarou Jeremy Corbyn.

O líder do Partido Trabalhista considera que o Reino Unido não tem “um Governo em funções” e, por isso, “o plano alternativo dos trabalhistas deve ser considerado central em quaisquer futuras conversações com Bruxelas”.

A primeira-ministra da Escócia Nicola Sturgeon classifica o anúncio de adiamento da votação sobre o acordo do Brexit de "covardia patética".

"Este é um momento divisor de águas e um ato de covardia patética, de um governo conservador que ficou sem estrada e agora está a entrar no caos total", reagiu em comunicado.

"O acordo da primeira-ministra deve chegar ser apresentado imediatamente ao (Parlamento do Reino Unido) para que possa ser votado e possamos substituir o caos conservador por uma solução que proteja os empregos, os padrões de vida e o lugar da Escócia na Europa", referiu ainda.
O partido norte-irlandês que apaia os conservadores da Grã-Bretanha entende que Theresa May tem de renegociar o acordo do Brexit ou ser substituída por alguém disposto a mudar de rumo.

"O que a (UE) precisa e ser confrontada com alguém que realmente deixe claro que está preparado para ir embora, ou uma Theresa May diferente que explique isso", declarou Nigel Dodds, líder do Partido Democrático Unionista à BBC.

"Se alguém precisar de mais lições ou exemplos de como não negociar, olhe para o caos hoje do governo na Câmara dos Comuns tendo que adiar uma votação sobre algo que disseram ser o único caminho a seguir", afirmou.
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