A Grã-Bretanha exige mais tempo à União Europeia para resolver as tensões pós-Brexit na fronteira com a Irlanda do Norte e propõe o controlo gradual dos alimentos a partir de outubro.
As tarifas levaram à revolta dos unionistas, que consideram que o acordo do Brexit separa a Irlanda do Norte do resto do Reino Unido, uma mudança que, segundo defendem, pode prejudicar o acordo de paz de 1998 que pôs fim a três décadas de violência naquele país.
Para dar resposta a esta divergência, os dois lados concordaram com um período de carência inicial de três meses para minimizar a interrupção do fornecimento de bens alimentares, uma medida que Bruxelas considerou violar o acordo do Brexit.
Agora, o Reino Unido exige à UE a introdução progressiva do controlo dos produtos alimentares.
Segundo o protocolo da Irlanda do Norte enviado à UE, ao qual a BBC teve acesso, o Reino Unido propõe um plano de quatro fases, tendo início em outubro, com o controlo de produtos de carne fresca. A partir do final de janeiro de 2022, este controlo estende-se a lacticínios, plantas e vinho. Não são fornecidas datas para as fases três e quatro, mas a BBC avança que estas cobririam os padrões de comercialização de frutas e vegetais, alimentos para animais de estimação, produtos orgânicos e compostos. Ainda não está claro se a UE considerará estes prazos plausíveis.
Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou à agência Reuters que deseja que sejam encontradas rapidamente soluções e apelou à UE a adoção de uma “abordagem baseada no risco” para o comércio com a Irlanda do Norte.
O protocolo, que faz parte do acordo do Brexit, surge numa altura em que o secretário de Estado das Relações com a UE, David Frost, instou Bruxelas a parar de “marcar pontos” sobre o protocolo da Irlanda do Norte, sublinhando que o Reino Unido tomaria uma posição unilateral caso fosse necessário.
Frost exortou Bruxelas a encontrar uma nova maneira de implementar os protocolos para o comércio no Mar da Irlanda, argumentando que a UE adotou uma abordagem "purista" que está a ameaçar o "tecido político, social ou económico da vida na Irlanda do Norte”.
A UE defendeu, por sua vez, que estava a “fazer progressos” no diálogo com seus homólogos do Reino Unido, acrescentando que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, estava a procurar “soluções”.
“A cada passo do caminho, a UE tem tentado melhorar o diálogo e trabalhar construtivamente com o Reino Unido a nível técnico e político para encontrar soluções, de acordo com o protocolo, em relação às questões de implementação pendentes”, disse um porta-voz esta segunda-feira, citado por The Guardian. “É por isso que nos temos envolvido intensamente com os nossos colegas do Reino Unido a nível de especialistas. Essas trocas foram construtivas. Estamos a progredir”, acrescentou.
c/agências