Bruxelas.PT. Portugal na NATO

Depois da Cimeira da NATO em Haia, falamos agora da Organização e do papel de Portugal com Luís de Almeida Sampaio, embaixador e representante permanente de Portugal junto da Aliança Atlântica entre 2015 e 2019.

Andrea Neves - correspondente da Antena 1 em Bruxelas /
Antena 1

Os chefes de Estado e de governo da NATO estiveram reunidos em Haia para tomar decisões sobre o futuro da Aliança Atlântica. Por isso, decidimos conversar com o embaixador Luís de Almeida Sampaio sobre o papel de Portugal nesta organização.

Mas comecemos por falar do investimento. Todos os aliados se comprometeram em gastar dois por cento do PIB em defesa até ao fim deste ano. Um investimento em segurança.

Eu acho muito bem que se fala em investimento em defesa e não em despesas com a defesa. Acho muito inteligente. Não do ponto de vista apenas da política partidária ou governamental, mas porque de facto se trata de investimento”.

“Eu estou absolutamente convencido de que as despesas com defesa em geral podem ser caracterizadas como investimento, porque é um investimento na nossa defesa, na nossa segurança, no nosso futuro. Portanto, do ponto de vista filosófico, falar em investimento parece-me muito bem. Para além disso, politicamente, é muito mais apelativo”.

“Agora, esse investimento, como todos os investimentos, implica despesa, claro, sai do bolso de alguém e o bolso é sempre o mesmo: o bolso dos contribuintes portugueses ou europeus”.

“Vai implicar escolhas. Por mais que os governos procurem dizer que tudo será protegido e preservado em matéria de despesas com uma dimensão social, vai haver escolhas. Se efetivamente os governos tiverem a determinação e o apoio político, bem entendido, para alcançar os objetivos ambiciosos que a NATO estabelece, vai implicar escolhas. Por mais que os governos procurem dizer que tudo será protegido e preservado em matéria de despesas com uma dimensão social, vai haver escolhas”.

O embaixador refere ainda que “o investimento em defesa implica opções que os governos vão mesmo ter que fazer”.

Portugal comprometeu-se em atingir os dois por cento do PIB até ao fim deste ano, mas para o embaixador já o devia ter feito.

“Portugal devia ter estado na linha da frente desses compromissos porque é um país fundador da NATO e é objetivamente essa também uma forma de termos uma posição de primeiro plano no quadro da Aliança Atlântica”.

“E não teremos jamais, enquanto não estivermos na primeira linha daqueles que efetivamente contribuem para o esforço coletivo. E isto tem implicações de natureza política e isso tem implicações até na presença de portugueses no Secretariado Internacional da NATO, no International Military Staff, na importância maior ou menor da voz de Portugal, quando o nosso embaixador se senta no Conselho ou quando os ministros da Defesa ou dos Negócios Estrangeiros, ou o primeiro-ministro se senta nas cimeiras da NATO”.

E no que é que Portugal deve investir quando se fala em defesa?

“Portugal deve fazer, em matéria de indústria da defesa, aquilo que melhor proteger a sua indústria de defesa. Ou seja, eu não quero parecer que estou a pôr em causa a colaboração com a indústria de defesa europeia ou com o aprofundamento industrial e tecnológico da Europa da defesa, de todo”.

O que eu estou a dizer é que a minha primeira preocupação, se eu fosse ministro da Defesa, era proteger a indústria defesa portuguesa. Proteger não no sentido protecionista, mas proteger a sua capacidade de inovação, de crescimento, de parcerias”.
E a escolha dessas parcerias não pode ser ideológica. Ou seja, eu acho que é óbvio que essa componente desenvolva parcerias europeias, mas que não o faça por uma questão de princípio, porque agora Donald Trump é o presidente dos Estados Unidos e, portanto, as parcerias com os Estados Unidos passam para segundo plano”.
Resumo da semana

E agora destacamos alguns dos temas que marcaram as decisões das Instituições Europeias esta semana, mas no áudio que acompanha este texto pode conhecer outras decisões ou ficar a saber mais sobre cada uma delas.

O Parlamento Europeu adotou novas propostas para modernizar a rede elétrica da União Europeia, reforçar a resiliência, integrar as energias renováveis e simplificar as licenças para cumprir os objetivos energéticos.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) e a Autoridade Palestiniana vão receber 202 milhões de euros de apoio para garantir serviços essenciais no terreno no âmbito do Programa Abrangente e Plurianual para a Recuperação e Resiliência da Palestina.

Os Estados-membros da UE, apoiados pela Comissão, publicaram um roteiro e um calendário para começar a utilizar uma forma mais complexa de cibersegurança, a chamada criptografia pós-quântica.

As cidades são agora convidadas a candidatar-se ao Prémio Cidade Acessível 2026, que reconhece as cidades que fizeram um trabalho excecional para se tornarem mais acessíveis para as pessoas com deficiência.

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