O candidato democrata Joe Biden desvendou na quinta-feira o seu primeiro grande plano para a economia norte-americana no caso de vencer as eleições presidenciais de novembro. Tendo em mente um investimento de 700 mil milhões de dólares, o rival de Donald Trump pretende impulsionar a produção em setores como os da energia renovável, infraestruturas e cuidados de saúde.
"Build Back Better". O gigante plano de Biden para a economia americana
Nas próximas semanas, a campanha de Biden divulgará mais detalhes sobre o investimento planeado para as energias renováveis, para a justiça racial e para os cuidadores, como amas e trabalhadores domésticos.
Para já, sabe-se que a proposta inclui um investimento de 400 mil milhões de dólares em novos gastos ao longo de quatro anos e outros 300 mil milhões em gastos adicionais. Ambas as quantias se destinam principalmente à produção de veículos elétricos, aço e outros materiais para melhoria de infraestruturas, assim como telecomunicações e equipamentos médicos.
O tema-chave do plano é “Comprar Americano”, pelo que o investimento se destinará exclusivamente a produtos produzidos nos Estados Unidos, numa tentativa de reverter os danos causados pela crise pandémica, que deu golpes na economia e no desemprego.
“Desde tecnologia de veículos elétricos a materiais leves, ao 5G e à inteligência artificial”, o investimento irá “permitir a criação de empregos de alta qualidade nos mercados da manufatura e tecnologia”, salientou Biden no seu discurso.
No Twitter, o ex-vice de Obama disse querer ajudar especialmente "pequenos produtores e empresas detidas por mulheres e pessoas de cor", assegurando que os mesmos conseguem contribuir para a revitalização da produção, garantindo que "o futuro é feito na América".
American workers can out-compete anyone, but they need a government that fights for them. I'll revitalize American manufacturing — especially smaller manufacturers and those owned by women and people of color — and ensure the future is made here in America. pic.twitter.com/lJQBsnRN75
— Joe Biden (@JoeBiden) July 9, 2020
A campanha do candidato especificou que o plano trará de volta empregos perdidos durante a pandemia de Covid-19 e criará cinco milhões de postos de trabalho adicionais. Além disso, Biden pretende aumentar o salário mínimo para 15 dólares por hora e acabar com os salários mínimos para trabalhadores com gorjetas e pessoas com deficiências.
O democrata pretende também apertar as regras segundo as quais os produtos podem receber o selo “Made in America” e impedir as empresas que recebem financiamento federal para a investigação e desenvolvimento de produzirem no estrangeiro os produtos criados como resultado desse financiamento.
Além disso, está nos planos de Biden reverter algumas das medidas de Trump, entre as quais a redução de impostos para grandes empresas, criando “reformas tributárias do senso comum que finalmente garantam que os americanos mais abastados paguem a sua parte justa”.
Trump é “a pessoa errada para liderar”
Joe Biden aproveitou a ocasião para atacar Trump, defendendo que os falhanços do Presidente “trouxeram um terrível custo humano e uma profunda crise económica”. “Uma e outra vez, as famílias trabalhadoras estão a pagar o preço pela incompetência desta Administração”, criticou.
“Ao longo desta crise [pandémica], Donald Trump tem-se focado quase na totalidade com a bolsa de valores – o Dow e o Nasdaq. Não com vocês e as vossas famílias”, apontou. “Se eu tiver a sorte de ser vosso Presidente, vou concentrar-me especificamente nas famílias trabalhadoras, nas famílias de classe média como era a minha, e não na classe dos investidores ricos”.
Relembrando que, em 1972, perdeu a sua primeira mulher e a filha num acidente de viação, ficando responsável pelos seus dois filhos, que sobreviveram, Biden comparou a sua vida com a de Trump. “Crescer rico e olhar de cima para as pessoas é um pouco diferente de como eu cresci”.
Por essa e por outras razões, Trump é para Biden “a pessoa errada para liderar neste momento”. “Ele não vai unir este país. Ele está determinado a afastar-nos”, sublinhou.
Em resposta a essas críticas e ao novo plano de Biden para a economia, a Administração Trump considerou que a estratégia do candidato trará consigo “uma catástrofe”. “O ataque voluntário de Biden aos nossos empregos, famílias e estilo de vida americano vai reverter todos os ganhos que alcançámos juntos e vai afundar-nos numa catástrofe económica”, argumentou o porta-voz Hogan Gidley.
As eleições presidenciais de novembro, que irão decidir entre Trump e Biden, deverão ser marcadas pelas consequências de uma pandemia que continua sem dar tréguas nos Estados Unidos. O país é atualmente o mais afetado do mundo pela Covid-19, tanto a nível de infetados (3,1 milhões) como de mortes (133 mil).
c/ agências
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