Cabo Delgado. Sete civis abatidos ao abandonarem hotel em Palma

por RTP
Rui Mutemba - Save the Children/ Reuters

Palma, na província moçambicana de Cabo Delgado, permaneceu debaixo de fogo durante a tarde desta sexta-feira. Pelo menos sete civis perderam a vida quando estavam a ser retirados de um hotel numa coluna militar. Aquela vila no norte do país tem sido alvo, há três dias, de vários ataques terroristas.

Desde quinta-feira que estão a ser resgatados funcionários de diferentes empresas ligadas a um projeto em larga escala de gás natural.

Nas últimas horas, realizou-se uma reunião entre a petrolífera Total e o Governo moçambicano. Ficou definido que, caso as Forças de Defesa e Segurança não expulsem, a breve trecho, o grupo de terroristas, a multinacional francesa admite instruir todos os funcionários a abandonarem a província setentrional de Cabo Delgado.Segundo um residente em Palma ouvido pela agência Lusa, são visíveis nas ruas da vila corpos de adultos e de crianças.


Por sua vez, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos de Moçambique solicitou também esta sexta-feira apoio com vista a resgatar perto de 600 funcionários do Estado nas proximidades de Palma.

“Nós, como Comissão Nacional dos Direitos Humanos, estamos a fazer ligações, desde o Instituto Nacional de Gestão de Desastres, organizações não-governamentais que têm alguma capacidade de agir, para ver se conseguem, de forma humanitária, ajudar aquela gente”, afirmou o presidente da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, Luís Bitone, em declarações citadas pela estação televisiva STV.

Ainda de acordo com Luís Bitone, em causa está a segurança de funcionários públicos que escaparam ao ataque da passada quarta-feira, encontrando-se agora “numa zona intermédia e à espera de qualquer socorro”.

“É uma preocupação de todos nós e estamos a tentar, com base em todas as nossas capacidades, ver se podemos encontrar uma intervenção rápida para socorrer aqueles cidadãos”, insistiu o responsável.
“Desrespeito pela população”
Na quinta-feira, o Ministério moçambicano da Defesa confirmou o ataque armado a Palma, acrescentando que as Forças de Defesa e Segurança estavam “a perseguir o movimento do inimigo” e a operar “incansavelmente para restabelecer a segurança e a ordem com a maior rapidez”.

O coronel Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa moçambicano, reconheceu, todavia, que as comunicações com a vila se encontravam cortadas.

Em comunicado divulgado esta sexta-feira, o Departamento de Estado norte-americano condenou a violência armada em Palma.

“Os Estados Unidos condenam veementemente os ataques terroristas e a violência contra civis na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Os ataques mostram um total desrespeito pela população local, que tem sofrido tremendamente devido às táticas brutais e indiscriminadas dos terroristas”, reagiu o braço diplomático da Administração Biden.

O Departamento de Estado reclama um “fim imediato à violência”, assim como uma “responsabilização” dos atacantes.

c/ Lusa
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