Cabo Verde "aguentou-se bem" na "tempestade perfeita" que vive desde 2017, diz PM

O primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou hoje que o arquipélago vive um cenário de "tempestade perfeita" desde 2017, com seca, pandemia, aumento da dívida pública e crise energética, mas diz que "aguentou-se bem" até agora.

Lusa /

"Dentro desta tempestade perfeita, Cabo Verde aguentou-se bem. Mitigou, e tem estado a mitigar, os efeitos", afirmou Ulisses Correia e Silva, ao intervir no congresso "O mundo pós-pandemia da covid-19", realizado hoje no Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais, na Praia.

"A nível de Cabo Verde temos tido tempestades perfeitas. De 2017 a 2020, três anos de seca severa com os impactos que nós todos conhecemos. Depois um ano e meio de pandemia, com impactos gravosos e agora juntando a crise energética, ainda por cima num país que já estava com um nível de endividamento elevado. Juntando todos esses fatores, a tempestade é perfeita e os impactos são também evidentes", explicou.

O chefe do Governo recordou que a crise económica decorrente da pandemia de covid-19 fez Cabo Verde cair de um crescimento económico médio anual equivalente a 5% do Produto Interno Bruto (PIB), até 2019, para uma recessão histórica de 14,8% em 2020, devido à ausência de turismo.

"A retoma vai ser lenta e exigirá um caminho para que possamos retomar os níveis de 2019", afirmou, recordando que o endividamento do país, em função do PIB, passou de 124% para 155% em pouco mais de um ano, devido desde logo à queda da riqueza produzida no país e à necessidade de o Governo aumentar a dívida pública para financiar medidas de apoio social, sanitário e às empresas, face à pandemia.

"A quebra no turismo representa um impacto muito grande. O nosso PIB depende em 25% da contribuição do turismo, quase a mesma percentagem relativamente ao emprego [gerado pelo turismo]", recordou, na mesma intervenção.

Em 2019, antes da pandemia, Cabo Verde registou um recorde de 819 mil turistas, e previa chegar a um milhão em 2020, ano que a atividade praticamente parou por completo, devido às restrições impostas para travar a transmissão da covid-19.

Segundo o primeiro-ministro, foi possível vacinar 80% da população adulta com pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19 e 51% com as duas doses, num plano de vacinação que arrancou em março último.

"Evitamos o colapso do sistema de saúde, social, económico e do sistema educativo. Estamos a preparar o pós-pandemia, acelerando a Agenda 2030 para tornar o país mais resiliente e com uma economia diversificada", destacou.

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