Cai Governo francês. François Bayrou perdeu o voto de confiança

O primeiro-ministro francês François Bayrou perdeu o voto de confiança. A Assembleia Nacional da França votou por 364 votos para expulsá-lo do cargo e derrubar o seu Governo minoritário. Bayrou deverá apresentar a demissão esta terça-feira. O presidente francês, Emmanuel Macron, já decidiu que irá nomear um novo primeiro-ministro "nos próximos dias", reportou o seu gabinete, descartando assim possibilidade de eleições antecipadas

Carla Quirino - RTP /
Benoit Tessier - Reuters

O Parlamento francês derrubou esta segunda-feira o Governo do primeiro-ministro François Bayrou, que tinha solicitado um voto de confiança para garantir apoio aos cortes orçamentais que visavam à recuperação das finanças públicas.

Sem surpresa, 364 deputados votaram contra, incluindo partidos de oposição de esquerda e extrema direita, anunciou o presidente da Assembleia Nacional, Ya'l Braun-Pivet. A favor, votaram 194 deputados, forçando a queda do Governo francês. 
Bayrou renunciará na terça-feira, de acordo com a sua comitiva.

Desde as eleições antecipadas fracassadas de 2024, a França vive uma instabilidade sem maiorias politicamente motivadas, e enfrenta uma dívida pública crescente que já atingiu cerca de 114 por cento do PIB.

Na abertura da sessão plenária, o primeiro-ministro francês disse que era urgente aumentar a produtividade no país. Bayrou alertou ainda que o "maior risco" para a França seria continuar "sem mudar nada", defendendo a moção de confiança como "uma prova da verdade" face à urgência de reduzir a dívida. 

"O nosso país trabalha, acredita que está a enriquecer e, todos os anos, empobrece um pouco mais. É uma hemorragia silenciosa, subterrânea, invisível e insuportável", afirmou François Bayrou, na Assembleia Nacional francesa, antes da votação que acabou por pode provocar a queda do Governo, sendo várias vezes interrompido pela oposição.

O primeiro-ministro, no cargo há nove meses, justificou a convocação desta moção de confiança perante os 577 deputados franceses, e que muitos classificaram como suicídio político, por querer esta "prova da verdade", numa Assembleia Nacional fragmentada (em três blocos: esquerda, centro-direita e extrema-direita) e sem maioria.

Dirigindo-se ao Parlamento, Bayrou disse que este é um "momento da verdade" e pediu aos deputados que concordassem de forma a enfrentar a iminente crise da dívida do país. Bayrou lembrou aos parlamentares que enfrentam "não uma questão política, mas histórica" que moldará o futuro da França.

Bayrou começou o discurso antes do voto de confiança sobre o Orçamento de Austeridade do Governo, afirmando que “o maior risco seria não correr riscos, deixar as coisas continuarem como estão, jogar política como de costume”.

Os socialistas sempre disseram que não iriam apoiar Bayrou, e a extrema direita o Rassemblement National, o partido de Marine Le Pen, também declarou que França só sairá do atual impasse com novas eleições parlamentares.

Mas algumas das críticas mais duras a Bayrou vieram dos Verdes, com Cyrielle Chatelain a atacar o trabalho do primeiro-ministro. Dirigindo-se a Bayrou, Chatelain apontou que a "sua partida é um alívio. Se não fosse pela preocupação do que vem a seguir, seria quase satisfatório”.
Macron nomeia sucessor "nos próximos dias"
O presidente francês, Emmanuel Macron "toma nota do resultado da votação dos deputados" e "nomeará um novo primeiro-ministro nos próximos dias", afirmou a presidência francesa num comunicado, minutos após a queda de Bayrou.

Em França, o presidente (Emmanuel Macron) é o chefe de Estado eleito pelo público francês. É responsável pela política externa e defesa do país e representa o país no cenário internacional. 

O primeiro-ministro (François Bayrou) é o chefe de Governo, nomeado pelo presidente. O primeiro-ministro é responsável pelo Governo do dia-a-dia. O primeiro-ministro responde ao Parlamento e deve ser aprovado pelos deputados. O Parlamento também pode votar para derrubar o primeiro-ministro.

c/agências
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