Camada de ozono por reconstituir em 2050
Os esforços para regenerar a camada do ozono (que protege os seres vivos do excesso de radiação solar) não permitirão a sua reconstituição plena em 2050, como se previa, havendo que esperar pelo menos mais 15 anos, dizem os cientistas.
Contudo, a Organização Meteorológica Mundial (OMM) adiantou, hoje, que o Protocolo de Montreal (1987) e as suas emendas posteriores estão a dar frutos, porque os buracos da camada de ozono na troposfera reduziram-se desde que, entre 1992 e 1994, se registaram os seus máximos históricos.
A Organização, com sede em Genebra, divulgou, hoje, o resumo de um relatório sobre a evolução da camada de ozono, elaborado por 250 peritos da OMM e do programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que será publicado na totalidade, em 2007.
A camada de ozono começou a destruir-se devido ao uso de produtos químicos que emitem gases nocivos para a atmosfera, como os clorofluorocarbonetos (CFC), capazes de deteriorarem essa capa e, logo, facilitarem a entrada dos raios ultravioletas responsáveis pelo cancro de pele.
A camada de ozono adelgaça-se periodicamente. Por exemplo, na Antártida, o buraco atinge o seu máximo entre Setembro e Outubro, por conter até setenta por cento menos de ozono do que em qualquer outra época do ano.
Embora as últimas previsões, de 2002, apontassem para que a capa de ozono estivesse completamente refeita em 2050, as novas medições dos cientistas prevêem que esse momento levará mais 5 a 15 anos a chegar, conforme as zonas geográficas.
Assim, nas latitudes medidas (entre os paralelos 30 e 60 de ambos os hemisférios) e de acordo com o relatório, a capa de ozono poderá ficar reconstituída cinco anos depois do previsto.
Contudo, os especialistas sublinham que, na Antártida, a Regeneração será muito mais lenta do que o previsto e que o buraco não desaparecerá em 2050 mas sim em 2065.
Além disso, o buraco na camada do ozono aparecerá anualmente naquela região polar durante pelo menos duas décadas, devido às condições climatéricas que predominam nessa zona (circulação ciclónica com ventos gélidos e violentos).
As razões pelas quais os cientistas se viram obrigados a rever os seus cálculos variam conforme se trata de latitudes médias ou polares.
No primeiro caso, deve-se principalmente à inclusão nos cálculos da quantidade de CFC-11 e CFC-12, que se calcula que esteja armazenada nos frigoríficos e outros aparelhos, que anteriormente não foram contabilizados apesar de grande parte deles acabar por ser emitida para a atmosfera.
Além disso, observou-se que o produto que é utilizado para substituir aqueles gases, o HFCF-22, também danifica a camada de ozono, embora em menor grau.
No caso do Antártico, os cientistas observaram que as massas de ar presentes na zona não se renovam facilmente, pelo que as concentrações de substâncias nocivas demoram muito mais a diluir-se.
A boa notícia dos dados divulgados hoje pela OMM é que a concentração de agentes destruidores de ozono reduziu-se de forma sustentada desde que atingiram os seus máximos na troposfera, entre 1992 e 1994, e na estratosfera, por volta de 1998.
«Isso quer dizer que o protocolo de Montreal funciona que estamos a trabalhar bem», afirmou, em conferência de imprensa, em Genebra, o secretário-geral da OMM, Michel Jarraud, que advertiu, contudo, que o abrandamento do processo exige que se renovem esforços.
Nesse sentido, lembrou que se suprimissem, até ao fim deste ano, as emissões de gases prejudicais à camada do ozono, esta estaria completamente reconstituída em 2034, nas latitudes médias.