Camboja acusa Tailândia de ataque aéreo depois de acordo para negociar cessar-fogo
O Camboja acusou hoje a Tailândia de lançar um ataque aéreo depois de os dois países terem chegado a um acordo, em Kuala Lumpur, para retomar na quarta-feira negociações que permitam alcançar um cessar-fogo definitivo.
A Tailândia e o Camboja anunciaram hoje, após negociações regionais na Malásia, que vão retomar, na quarta-feira, as negociações diretas para tentar resolver o conflito fronteiriço que fez mais de 40 mortos e centenas de milhares de deslocados em duas semanas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Tailândia, Sihasak Phuangketkeow, anunciou o acordo após uma reunião da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) que decorre em Kuala Lumpur.
O Camboja, através do seu Ministério do Interior, manifestou o seu "otimismo quanto à sinceridade" da Tailândia em adotar um cessar-fogo "de acordo com os objetivos da ASEAN".
Nas declarações feitas hoje, Sihasak Phuangketkeow admitiu que considerou prematuro o acordo de cessar-fogo assinado em outubro sob mediação do Presidente norte-americano, referindo que a declaração conjunta foi apressada porque os Estados Unidos "queriam que fosse assinada a tempo da visita do Presidente Donald Trump".
Esse acordo foi suspenso pouco depois, quando soldados tailandeses ficaram feridos ao pisar uma mina terrestre que Banguecoque acusou o Camboja de ter colocado recentemente.
De acordo com os dados oficiais recentes, pelo menos 43 pessoas morreram --- 23 do lado tailandês e 20 do lado cambojano --- desde que os combates recomeçaram, a 07 de dezembro, e aproximadamente 900 mil pessoas foram forçadas a retirar-se das regiões fronteiriças de ambos os lados.
Perante o risco de um impasse, os esforços diplomáticos intensificaram-se na semana passada, e a reunião de hoje, na Malásia, país que detém a presidência rotativa da ASEAN, parece ter produzido avanços.
"A nossa posição é que um cessar-fogo não se conquista com um anúncio, mas com ações", advertiu o ministro dos Negócios Estrangeiros tailandês, reiterando uma das exigências do seu país: que o Camboja invista mais na remoção de minas terrestres das zonas fronteiriças.
A China iniciou a mediação na semana passada, tendo o enviado especial de Pequim para os assuntos asiáticos, Deng Xijun, visitado o Camboja na semana passada e reunido hoje com o primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, em Banguecoque.
"Como amiga e vizinha próxima do Camboja e da Tailândia, a China espera sinceramente que ambos os lados procurem manter a paz e a estabilidade ao longo da fronteira", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Lin Jean.
O conflito entre a Tailândia e o Camboja decorre de uma disputa territorial sobre a demarcação da sua fronteira de 800 quilómetros, estabelecida durante o período colonial francês.