Camboja fecha fronteiras com Tailândia enquanto combates prosseguem

O Camboja suspendeu hoje todas as passagens fronteiriças com a Tailândia, quando os dois países continuam as hostilidades, apesar de o Presidente norte-americano ter anunciado na sexta-feira um acordo de cessar-fogo, o que Banguecoque nega.

Lusa /
Foto: Athit Perawongmetha - Reuters

"O Governo Real do Camboja decidiu suspender todos os movimentos de entrada e saída em todos os pontos de passagem fronteiriços do Camboja/Tailândia, com efeito imediato e até nova ordem", afirmou o Ministério do Interior, num comunicado citado pela agência AFP.

Até ao momento a Tailândia não se pronunciou nem emitiu uma decisão similar.

Antes, o Governo tailandês tinha anunciado que mais quatro soldados foram mortos pelas forças cambojanas.

Segundo as autoridades tailandesas, 14 soldados morreram desde o reinício dos combates na segunda-feira na fronteira entre os dois países do Sudeste Asiático.

O primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, afirmou hoje que o país continuará as operações militares contra o Camboja até que as "ameaças" desapareçam.

Por seu lado, também o Camboja acusou hoje Banguecoque de novos "bombardeamentos" no seu território.

"Em 13 de dezembro, as forças armadas tailandesas utilizaram dois caças F-16 para lançar sete bombas" sobre vários alvos, afirmou o Ministério da Defesa cambojano.

Na sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que os dois países tinham acordado uma nova trégua, após ter conversado por telefone com o primeiro-ministro tailandês, Anutin Charnvirakul, e com o chefe do Governo cambojano, Hun Manet.

Donald Trump escreveu na rede social Truth Social que ambos "concordaram em cessar todos os disparos a partir desta noite e regressar ao Acordo de Paz original", concluído com a sua intervenção e "com a ajuda do grande primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim".

No entanto, o governante tailandês garantiu hoje que o Presidente norte-americano não indicou se se devia "estabelecer um cessar-fogo" durante uma chamada na sexta-feira com o objetivo de pôr fim aos últimos combates, acrescentando que o assunto não foi discutido.

Após um primeiro episódio de violência em julho, que foram suspensos com um acordo de cessar-fogo mediado pelos EUA, os confrontos fronteiriços desta semana entre os dois países do Sudeste Asiático causaram mais de 20 mortos e forçaram centenas de milhares de pessoas a fugir das localidades junto aos cerca de 820 quilómetros da fronteira comum, em ambos os lados da divisão.

O cessar-fogo inicial, alcançado em julho, resultou da pressão direta de Washington, que ameaçou suspender privilégios comerciais caso Banguecoque e Phnom Penh não aceitassem pôr termo às hostilidades.

O entendimento foi aprofundado em outubro, numa reunião regional na Malásia em que Trump participou.

Apesar da trégua, os dois países continuaram a protagonizar uma intensa guerra de propaganda e registaram episódios esporádicos de violência transfronteiriça, alimentando receios de uma nova escalada antes da intervenção diplomática de Washington.

As tensões remontam ao mapa de 1907, elaborado sob administração colonial francesa, que a Tailândia considera impreciso, e agravaram-se após a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), em 1962, que atribuiu ao Camboja a soberania sobre a zona do templo de Preah Vihear.

Tópicos
PUB