"Camisas Vermelhas" fazem concessões para superar crise
Os apoiantes do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, fizeram esta sexta-feira algumas concessões ao poder tailandês respondendo assim à intenção do comandante do Exército, General Anupong Paochinda anunciada aos seus oficiais de não exercer repressão sobre os manifestantes "por isso custar mais mal do que bem".
19 Set 2006 - Generais leais ao Rei depõem o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra durante uma visita deste a Nova Iorque.
Maio 2007 - Os bens de Thaksin são congelados por uma decisão da justiça.
Dez 2007 - O Partido do Povo, próximo de Thaksin ganha as primeiras eleições pós-golpe.
Maio 2008 - O movimento realista e anti-Thaksin "camisas amarelos" organiza manifestações.
Set. 2008 - O Estado de Emergência é declarado durante 12 dias, após confrontos entre manifestantes pró e anti-governamentais. Um morto e dezenas de feridos.
Out. 2008 - Dois mortos e 500 feridos em recontros entre manifestantes e forças da ordem.
Out. 2008 - Tribunal condena Thaksin a dois anos de prisão. O antigo primeiro-ministro já tinha abandonado o país.
Nov/Dez 2008 - Os "Camisas amarelos" bloqueiam o Aeroporto de Banguecoque. O Estado de Emergência é declarado durante duas semanas.
Dez 2008 - O Tribunal Constitucional dissolve o partido do primeiro-ministro, Somchai Wongsawat, cunhado de Thaksin, constrangido a abandonar as funções. O Presidente do Partido Democratico, Abhisit Vejjajiva, apoiado pelos "camisas amarelos", torna-se o primeiro-ministro da Tailândia.
Jan/mar. 2009 - Os "camisas vermelhos", leais a Thaksin Shinawatra, multiplicam as manifestações contra o primeiro-ministro.
Abr 2009 - Os "vermelhos" invadem o edifício onde decorre uma cimeira asiática na estância balnear de Pattaya. A reunião termina abruptamente. O Estado de Emergência é imposto durante 12 dias.
26 Fev 2010 - O Supremo Tribunal confisca metade da fortuna de Thaksin (1,4 mil milhões de dólares) acusado de abuso de poder.
14 Mar 2010 - Dezenas de milhar de "camisas vermelhos" instalam-se em Banguecoque reclamando a demissão de Abhisit. O Governo retira-se para uma base militar.
2 Abr 2010 - Manifestantes ocupam um importante quarteirão comercial e turistico da capital tailandesa.
7 Abr 2010 - É declarado o Estado de Emergência na capital.
10 Abr 2010 - Violentos confrontos entre manifestantes e forças da ordem provocam 25 mortos e mais de 800 feridos.
19 Abr 2010 - Os "camisas vermelhos" levantam barricadas e controlam o centro da capital.
22 Abr 2010 - Cinco granadas explodem durante o confronto entre manifestantes pró e anti-governamentais. 1 morto e 80 feridos.
O movimento dos "Camisas vermelhos", apoiante do antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, deu sinal de querer contribuir para o desanuviamente político na Tailândia e para a superação da crise que aquele país do sudeste asiático vive nos últimos anos.
Os manifestantes anti-governamentais anunciaram esta sexta-feira aceitar que a dissolução do Parlamento se realize num prazo de um mês deixando cair a exigência de dissolução imediata do órgão a que continuam a não reconhecer legitimidade.
Solicitaram ao primeiro-ministro, Abhisit Vejjajiva, que avance com uma investigação independente que investigue os confrontos do passado dia 10 de Abril entre manifestantes e soldados que causaram a morte a 25 pessoas e ferimentos em mais de 800.
Reivindicam que o Exército abandone as áreas circundantes do reduto ocupado pelos manifestantes que exigem o regresso ao poder do antigo primeiro-ministro.
"O Governo tem de parar todas as ameaças contra o nosso movimento" anunciou Weng Tojirakarn líder dos "camisas Vermelhos.
Explosão de granadas agudizam conflitoO conflito social e político agudizou-se entretanto e numerosos Estados recomendaram aos seus cidadãos que não viagem para aquele país do sudeste asiático.Quinta-feira, a explosão de granadas alegadamente lançadas por "camisas vermelhas" sobre os manifestantes pró-governamentais provocou um morto e 80 feridos.
O movimento dos "Camisas Vermelhos" já rejeitou peremptoriamente a autoria do lançamento das granadas que atribui a "agentes provocatórios" interessados em provocar a intervenlção do exército. Continuam a reivindicar o carácter pacífico das suas manifestações.
Já esta sexta-feira, centenas de polícias enfrentaram os muitos milhares de "camisas vermelhas", manifestantes que lutam pelo regresso ao poder do antigo primeiro-ministro, mas acabaram por retirar pacificamente sem entrar em verdadeiros confrontos com a multidão.
O espectro de uma guerra civil continua a avolumar-se a cada dia que passa na Tailândia e o exército continua a mostrar grande dificuldade em controlar a situação. Apesar dos ultimatos lançados aos manifestantes para que dispersem sob a ameaça de desencadeamento de uma operação militar que os desaloje da área que controlam, os "camisas vermelhas" continuam fortemente motivados na sua luta pelo regresso do antigo primeiro-ministro.
A onda de violência continua a fazer-se sentir na capital tailandesa, destino por excelência do turismo internacional, desde o dia 10 de Abril, em que o Exército lançou uma tentativa de desalojar os manifestantes pró-Thaksin dos seus bastiões na capital tailandesa. A tentativa fracassou mas deixou atrás de si 25 mortos e mais de 800 feridos.
Agora, as autoridades tailandesas endurecem o seu discurso e ameaçam os instigadores das acções violentas com a pena capital.
Comunidade internacional preocupada com a segurança dos seus cidadãos
A vontade dos "camisas vermelhos" não esmoreceu desde o início da sua "revolta" e a situação deteriora-se a cada dia que passa com reflexos na comunidade internacional. Receosos pela segurança dos seus naturais, vários foram já os Estados que desaconselharam viagens para a Tailândia aos seus cidadãos.
De Washington a Londres, passando por Camberra, vários governos fizeram através da ONU apelos às autoridades tailandesas e aos manifestantes anti-governamentais para que "evitem a violência" e para se esforçarem por resolver o conflito por "uma via de diálogo".
A Austrália, que já viu um cidadão seu ser ferido pela explosão de uma granada numa estação de metro aéreo em Banguecoque, aconselhou os seus naturais a não irem para aquele país.
"Existem fortes possibilidades de novos confrontos violentos em Banguecoque entre manifestantes e forças da ordem", considerou o ministro australiano dos Negócios Estrangeiros recomendando aos cidadãos do seu país de "reconsiderarem a sua necessidade de viajar para a Tailândia em virtude da recente deterioração da segurança" naquele país.
Também os Estados Unidos, cujos nacionais constituem anualmente um forte contingente dos turistas que visitam aquele país do sudeste asiático, muitos em busca do turismo sexual que aí tem forte implantação, desaconselharam os norte-americanos de viajarem para a Tailândia.
"Em virtude da violência crescente no centro, os cidadãos americanos são chamados a evitar deslocações não essenciais a Banguecoque", pode ler-se numa nota do Departamento de Estado.
A França tinha indicado o caminho aos seus congéneres ao antecipar-se e na própria quinta-feira lançar o aviso aos seus cidadãos para o perigo em se deslocarem à Tailândia.
"Convidamo-los em particular a não frequentarem os locais onde existam ajuntamentos de carácter político", dizia o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.
Também a Grã-Bretanha e a Áustria se associaram aos seus pares no alerta lançado aos seus cidadãos enquanto a Finlândia optou por transferir a sua embaixada em Banguecoque para uma zona menos sensível.