Candidato à presidência do Peru promete revogar leis `pró-crime` após ataque
Rafael Belaúnde, candidato à presidência do Peru que sobreviveu a um ataque a tiro, prometeu revogar um conjunto de leis conhecidas como `pró-crime`, às quais culpou pelo aumento da criminalidade do país.
O automóvel em que seguia Belaúnde foi alvo de disparos por parte de homens numa motorizada, na terça-feira, enquanto visitava um terreno onde o empresário planeia desenvolver um projeto imobiliário em Cerro Azul, um bairro costeiro a sul de Lima.
Em entrevista à agência de notícias EFE, o candidato afastou motivações políticas para o ataque, sublinhou que não recebeu quaisquer ameaças à sua segurança e especulou que poderia até ter sido uma tentativa de furto de automóvel.
Belaúnde lembrou que um dos seus empreendimentos imobiliários resultou no assassínio de um operário da construção civil, ligado a "uma disputa entre grupos criminosos associados aos sindicatos".
O empresário afirmou que reforçará a sua segurança pessoal por conta própria, sem solicitar proteção especial do Estado peruano, ao contrário da concedida a outros candidatos presidenciais.
O presidente da Junta Nacional Eleitoral do Peru, Roberto Burneo, indicou que está a ser ponderado o fornecimento de coletes à prova de bala para todos os candidatos.
"Estou convencido de que, numa situação como a que estamos a viver no Peru, a segurança pessoal deve ser uma questão de responsabilidade individual", observou o neto do antigo presidente Fernando Belaúnde Terry (1963-1968 e 1980-1985).
"Quantos peruanos são vítimas desta situação? Antes de proteger os políticos, deveríamos proteger o dono da mercearia, o camionista, o pequeno empresário ou o vendedor ambulante", disse Belaúnde, numa referência ao aumento da extorsão e dos assassínios cometidos pelo crime organizado no Peru.
O candidato do partido liberal de direita Liberdade Popular prometeu, caso vença as eleições de abril 2026, revogar um conjunto de leis aprovadas pelo parlamento desde 2023 para o combate ao crime.
Em julho, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch disse que estas leis "minaram a independência e a capacidade dos juízes e procuradores no combate ao crime organizado".
Belaúnde, que viajava sozinho, conseguiu desviar-se das balas, saltar do carro e disparar a sua arma pessoal contra os agressores.
"Quando desviei o veículo para a esquerda para evitar estar frente a frente com os agressores, abri a porta e saltei. Foi nesse momento que disparei", relatou Belaúnde, ainda com as marcas de alguns cortes na cara.
Quatro balas atingiram o pára-brisas do carro, três delas do lado do condutor, um incidente que lhe poderia ter custado a vida e que o candidato quer deixar para trás.
Tenho uma filosofia de olhar para a frente, e isso já passou, sem nada de grave além de danos materiais", afirmou.
Em resposta aos céticos que especulam que o ataque foi uma farsa para impulsionar a sua popularidade como candidato, Belaúnde sublinhou que foram recolhidas sete cápsulas da sua arma pessoal e várias das armas dos agressores.