Candidato brasileiro Jair Bolsonaro transferido para hospital em São Paulo

por Lusa

Brasília, 07 set (Lusa) - O candidato à Presidência brasileira Jair Bolsonaro, atingido na quinta-feira por uma facada durante um ato de campanha em Minas Gerais, vai ser transferido hoje para um hospital de São Paulo, anunciou o seu filho.

Flavio Bolsonaro escreveu na sua conta do Twitter: "O meu pai passou a noite bem, o seu quadro está estabilizado e será transferido para o Hospital Israelita Albert Einstein agora".

Os médicos optaram pela transferência após fazerem uma nova série de exames ao candidato hoje de manhã, segundo o jornal "Estadão". Bolsonaro vai viajar para a capital paulista de avião.

Num vídeo gravado ainda no anterior hospital onde o candidato foi operado, na Santa Casa de Juiz de Fora, em Minas Gerais, Bolsonaro disse que estava consciente dos riscos que corria.

Nesta declaração divulgada nas redes sociais, durante a madrugada de hoje, Bolsonaro fala pela primeira vez desde o ataque, afirmando que nunca fez mal a ninguém.

"Eu preparava-me para um momento como esse porque você corre riscos. Mas, de vez em quando, a gente duvida, né? Será que o ser humano é tão mau assim? Nunca fiz mal a ninguém", afirmou Bolsonaro, no mesmo vídeo.

A agência France-Presse noticiou ainda que Flávio Bolsonaro mandou uma mensagem para os atacantes do seu pai: "Uma mensagem para esses bandidos: eles acabaram de eleger o novo presidente, e isso será feito na primeira volta".

Segundo uma sondagem divulgada na quinta-feira - a primeira após o Tribunal Superior Eleitoral ter rejeitado a candidatura de Lula da Silva (PT) -, Jair Bolsonaro lidera a corrida eleitoral de outubro, com 22% das intenções de voto.

Capitão do exército reformado e defensor da ditadura militar -- regime que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985 -, Bolsonaro iniciou a carreira política adotando posições extremadas e discursos agressivos em defesa da autoridade do Estado e dos valores da família cristã.

Ganhou notoriedade nos últimos anos e transformou-se num líder capaz de mobilizar milhares de eleitores desiludidos com a mais severa recessão económica da história do Brasil, que eclodiu entre os anos de 2015 e 2016, ao mesmo tempo que as lideranças políticas tradicionais do país têm sido envolvidas em escândalos de corrupção.

Chamado de "mito" e "herói" pelos apoiantes e de "perigo à democracia" por críticos e adversários, Jair Bolsonaro, de 62 anos, está na política brasileira há 28 anos e foi eleito deputado (membro da câmara baixa) sete vezes consecutivas, mas sem nunca ter ocupado um cargo importante no Parlamento.

Na campanha, Bolsonaro defende os valores tradicionais da família cristã, o porte de armas e `prega` que o combate à violência no Brasil, país que atingiu a marca de 63.800 homicídios em 2017, deve ser feito de forma violenta pelas autoridades.

Entre as propostas mais polémicas para a área de segurança pública está a implantação de uma figura jurídica no sistema legal que impediria o julgamento criminal de homicídios cometidos por polícias em serviço.

O candidato declarou, também, que se for eleito não vai aplicar recursos do Governo em instituições que atuam em defesa dos direitos humanos, afirmando pretender retirar o Brasil do Comité de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

Considerado polémico e que desperta paixões e controvérsia, Bolsonaro já foi condenado por injúria e apologia ao crime de violação após uma ofensa contra a deputada Maria do Rosário após uma sessão na câmara baixa do Parlamento brasileiro, em 2003.

Após uma discussão, Bolsonaro declarou que a deputada não merecia ser violada: "Porque ela é muito feia, não faz meu género, jamais a violaria. Eu não sou violador, mas, se fosse, não iria violar porque não merece".

Bolsonaro também foi acusado pela Procuradoria-Geral do Brasil do crime de racismo, em 2016, quando comparou com animais os descendentes de negros africanos que fugiram antes da abolição da escravatura e vivem em comunidades rurais demarcadas no interior do Brasil.

O candidato, que lidera as sondagens às presidenciais do Brasil, também responde num processo por declarações homofóbicas, feitas num programa de televisão e é investigado por suposta apologia ao crime de tortura.

A última acusação baseia-se na homenagem que fez ao coronel Brilhante Ustra, reconhecido torturador brasileiro, no momento em que votava a favor da destituição da ex-presidente Dilma Rousseff, que anos antes de entrar para a política foi presa e torturada durante a ditadura militar.


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