"Canibal de Rotenburg" quer impedir exibição de filme biográfico
Armin Meiwes, também conhecido por "Canibal de Rotenburg" por ter comido partes de um ser humano, vai processar a produtora norte-americana que fez um filme inspirado na sua história.
Harald Ermel, advogado de Meiwes, disse que "Rothenburg" (título original) foi produzido pela Atlantic Streamline sem autorização do mandatário que "estigmatiza-o como um bárbaro assassino".
O causídico pretende interpor uma providência cautelar para impedir que o filme seja exibido quer nos Estados Unidos, quer na Alemanha.
O filme foi realizado por Martin Weisz, um especialista em vídeo-clips que se estreia nas longas-metragens, e para o papel de Meiwes foi escolhido o alemão Thomas Kretschmann, que recentemente protagonizou o épico King Kong.
O advogado de Meiwes garantiu que a produtora norte-americana "ofereceu uma elevada soma em dinheiro" ao seu constituinte para fazer o filme, mas este não aceitou.
"Não se trata de dinheiro, mas sim de uma apresentação verídica", disse Ermel à revista Stern.
O advogado anunciou ainda que irá processar uma firma britânica que colocou na Internet fotos de violentas cenas em que Meiwes aparece a esquartejar a sua vítima.
A Polícia Judiciária de Kassel terá agora de investigar se as cenas foram retiradas do vídeo que o próprio Meiwes rodou, quando estava a cometer o seu crime.
O advogado do "Canibal de Rotenburg" disse ainda que irá proceder contra o grupo rock alemão Ramstein, alegando que no tema "Mein Teil" (A Minha Parte), que chegou ao topo das tabelas de vendas nos Estados Unidos, há "claras alusões" ao seu constituinte.
Entretanto, a imprensa alemã noticiou que Meiwes vendeu os direitos da história à produtora Stampfwerk de Hamburgo.
O director da Stampfwerk, Guenter Stampf, já confirmou que teve várias conversas com Meiwes na cadeia sobre um documentário e sobre a publicação de um livro.
"Trata-se de apresentar o caso e os bastidores de forma verídica e jornalística, sobretudo no que se refere aos fóruns sobre canibalismo na Internet", adiantou Stampf, referindo-se aos seus projectos.
Os planos apontam para um documentário de 90 minutos a realizar pela BBC e pelo canal norte-americano HBO, e as filmagens só deverão começar depois da sentença definitiva sobre o caso Meiwes, que vai ser reaberto esta semana.
Armin Meiwes vai ser novamente julgado a partir de quinta- feira, em Frankfurt, depois de já ter sido condenado, há dois anos, pelo Tribunal de Kassel a oito anos e meio de prisão por homicídio involuntário.
O Ministério Público recorreu da sentença, alegando que o juiz não teve em conta "vários critérios" que permitem considerar o crime cometido pelo "Canibal de Rotenburg" um homicídio agravado, e o Supremo Tribunal Federal deferiu o pedido.
A 09 de Março de 2001, Meiwes, 44 anos, atraiu à sua casa em Rotenburg um engenheiro de Informática de Berlim que conheceu através da Internet, cortou-lhe o pénis - que ambos cozinharam e tentaram comer -, e horas depois matou-o, com duas facadas no pescoço.
As cenas foram filmadas em vídeo, alegadamente por acordo mútuo entre o homicida e a vítima.
Meiwes cortou depois o corpo em pedaços, guardou-o numa arca frigorífica e comeu algumas partes, antes de a polícia o deter.