"Caráter terrorista do atentado não pode ser negado"

por RTP

O Presidente francês falou esta madrugada ao país, após um camião lançado sobre uma multidão em Nice ter feito 77 mortos confirmados e mais de 100 feridos, 20 em estado crítico.

François Hollande convocou os reservistas e marcou para sexta-feira uma reunião de Estado para mobilizar todos os meios necessários para fazer face à ameaça terrorista.

O estado de emergência que vigora desde janeiro de 2015 e que devia ser levantado a 26 de julho vai ser prolongado até outubro.

"A França está horrorizada com o que sucedeu", afirmou o Presidente francês, "mas ela é forte e será sempre mais forte do que o terror".

A investigação do ataque foi entregue ao Departamento de luta anti-terrorista de Paris.
O que disse Hollande
François Hollande afirmou que o atentado cometido em Nice causou pelo menos 77 mortos, "incluindo várias crianças", e 20 feridos em estado crítico entre uma multidão que estava a celebrar o Dia da Bastilha (o dia nacional de França) e que foi visada apenas "com o interesse de massacrar e matar".

"A França está profundamente afetada por esta nova tragédia. Está horrorizada pelo que acaba de ocorrer. Um ato monstruoso de usar um camião para deliberadamente matar dezenas de pessoas que estavam apenas a celebrar o 14 de Julho", afirmou.

"Este ataque terrorista é uma vez mais um ato muito violento e é claro que temos de fazer tudo para combater o horror do terrorismo", disse o Presidente.

Hollande insistiu que "é França no seu todo que está a ser ameaçada por terrorismo islâmico".

"Nestas circunstâncias, temos de mostrar a nossa absoluta vigilância e determinação. Muitas medidas já foram tomadas, reforçadas, mas como estamos no meio do verão, precisamos de reforçar o nosso nível de proteção", alertou.

Nesse sentido, afirmou que, e sob proposta do primeiro-ministro e dos ministros do Interior e da Defesa, se vai manter a operacionalidade das forças de segurança "no nível mais elevado".

Isso permite mobilizar forças de reserva e mais de 10 mil soldados, explicou.

Hollande acrescentou que o estado de emergência decretado desde os atentados de Paris de novembro de 2015, "que deveria acabar a 22 de julho, vai ser alargado durante três meses" e que todos os recursos estão a ser mobilizados para apoiar as vítimas e investigar o ataque em Nice.

O presidente visitará Nice depois de uma reunião hoje de manhã do Conselho de Defesa, "para apoiar a cidade, os oficiais e para mobilizar todos os recursos necessários".

Hollande disse que, para já, as autoridades desconhecem se o condutor do camião atuou sozinho ou se tem cúmplices.

"Estamos a fazer tudo para identificar o indivíduo e encontrar possíveis cúmplices", disse.

O presidente francês recordou os ataques em janeiro e novembro do ano passado em Paris e sublinhou que França foi atacada no dia 14 de julho, "símbolo da liberdade", e visada por "fanáticos que visivelmente tornaram o país no seu alvo.

"Quero apresentar em nome da nação a nossa solidariedade com as vítimas e as suas famílias. Todos os nossos recursos estão a ser destacados para ajudar os feridos, todos os hospitais estão mobilizados", disse.

Um homem residente em Nice, franco-tunisino e com 31 anos - segundo a imprensa local - foi abatido pela polícia depois de conduzir um camião contra a multidão que estava a ver os festejos do Dia das Bastilha na avenida marginal de Nice.

O balanço provisório do atentado é de pelo menos 77 mortos e mais de uma centena de feridos. Armas e granadas foram encontradas dentro do camião, segundo as autoridades locais.

Com Lusa
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