Cardeais divididos entre conservadores e progressistas a dias do conclave
Os cardeais, que hoje se reuniram na décima congregação geral, estão a quatro dias do início do conclave divididos em duas facções, a dos conservadores e a dos progressistas, escreve a imprensa italiana.
A quatro dias do início do conclave - durante o qual os 115 cardeais com menos de 80 anos vão eleger o sucessor de João Paulo II - os cardeais continuaram hoje os preparativos, examinando os problemas da Igreja e "desenhando o perfil" do próximo Papa.
Apesar do voto de silêncio imposto aos cardeais, a imprensa italiana afirma que, enquanto os conservadores estão a ser liderados pelo cardeal decano, o alemão Joseph Ratzinger, os progressistas estão por detrás do cardeal italiano Carlo Maria Martini.
Ratzinger, que faz 78 anos no sábado, é o representante dos defensores da ortodoxia e da manutenção do dogma, uma categoria na qual teólogos incluem, entre outros, os cardeais italianos Camillo Ruini e Angelo Scola, considerados próximos de movimentos católicos conservadores como a Opus Dei ou a Comunhão e Libertação.
Do lado dos progressistas, liderado pelo cardeal Carlo Maria Martini, um jesuíta de 78 anos defensor da renovação da Igreja, as fontes dizem estar os cardeais italiano Dionisi Tettamanzi, arcebispo de Milão, o francês Godfried Danneels, primaz da Bélgica, e o português José da Cruz Policarpo, patriarca de Lisboa.
Além de duas tendências distintas da Igreja, Ratzinger e Martini também representam duas facetas do próprio João Paulo II: por um lado, um Papa "firme" sobre as questões do casamento dos padres e da sexualidade, por exemplo, e, por outro lado, um Papa "aberto" ao ecumenismo, ao diálogo entre as religiões e à paz.